Exportações feitas pela RMC em outubro somam maior valor para o mês em 12 anos
Montante acumulado de R$ 2,8 bilhões é o maior desde setembro de 2023, de acordo com o Observatório PUC-Campinas
Correio PopularAs exportações da Região Metropolitana de Campinas (RMC) em outubro somaram US$ 484,14 milhões (R$ 2,8 bilhões), recorde para o mês em 12 anos e o maior resultado mensal desde setembro de 2023. O valor representou aumento de 0,68% em comparação aos US$ 480,99 (R$ 2,78 bilhões) de outubro do ano passado, melhor resultado anterior para o período, revelou o estudo da balança comercial divulgado pelo Observatório PUC-Campinas com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. No mês passado, a RMC também registrou, pelo segundo mês consecutivo, o melhor resultado nas vendas ao exterior em 2024 e o maior desempenho em 14 meses, inferior apenas aos US$ 489,59 (R$ 2,83 bilhões) registrados em agosto de 2023.
As exportações da região representaram 6,78% das vendas ao exterior do Estado de São Paulo no mês passado, de acordo com o levantamento. As importações no mês passado somaram US$ 1,57 bilhão (R$ 9,09 bi), recorde dos últimos 24 meses. O montante ficou atrás apenas do US$ 1,74 bilhão (R$ 10,07 bilhões) de outubro de 2022. O valor do mês passado representou um aumento de 20,57% em comparação aos US$ 1,3 bilhão (R$ 7,52 bilhões) de outubro de 2023. Os dados da balança comercial evidenciaram a manutenção do crescimento da atividade industrial na RMC.
“Esse cenário é compatível com uma atividade industrial em alta”, afirmou o economista Paulo Ricardo da Silva Oliveira, responsável pelo estudo do Observatório PUC-Campinas. Apesar da alta dos juros no país, ele indicou a possibilidade dos bons resultados no próximo ano. “Para o ano que vem, não tem nada no radar que esteja indicando uma reversão desse cenário positivo”, disse o especialista, também professor da PUC-Campinas.
Para ele, o desempenho industrial da região é impulsionado pelo aumento do consumo das famílias. “A gente está vendo novamente uma retomada. Isso puxa a indústria e podemos observar os resultados positivos”, analisou. A participação da RMC nas importações paulistas foi de 20,75%, apontou o Observatório PUCCampinas. A Região Metropolitana fechou o 10º mês deste ano com um déficit de US$ 1,08 bilhão (R$ 6,25 bilhões), de acordo com o Observatório. A alta foi de 32,13% em comparação aos US$ 822,68 milhões (R$ 4,76 bilhões) de outubro de 2023.
Conquista
Um dos maiores fabricantes mundiais de pneus acabou de conquistar novos mercados para exportar a partir de suas duas fábricas no Brasil, uma em Campinas e a outra em Feira de Santana-BA. As duas plantas passaram a fornecer o produto para os Estados Unidos e países da Europa em setembro. Antes, a América Latina concentrava o recebimento do produto exportado. A conquista dos novos mercados ocorreu principalmente porque alguns modelos de pneus voltados para os mercados estadounidense e europeu foram desenvolvidos pela equipe de engenharia da empresa em Campinas, com o Brasil sendo o único país do mundo onde são produzidos.
“Temos competência para desenvolver e produzir localmente pneus para o exterior”, afirmou o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, Roni Viana. Ela fornece pneus, por exemplo, para o veículo mais vendido nos Estados Unidos há 47 anos consecutivos. Em 2024, a multinacional anunciou investimento de R$ 200 milhões para a construção de um novo laboratório de desenvolvimento de produtos e um centro de distribuição em Campinas.
A decisão da matriz italiana de tornar o Brasil base de fornecimento de alguns produtos, segundo o diretor, se deu pelo alto nível de qualidade das fábricas nacionais, capazes de produzir pneus do mesmo nível dos fabricados na Europa e nos Estados Unidos. O novo laboratório é o maior da empresa fora da Itália. “Queremos fazer de Campinas o centro nevrálgico das operações na América Latina. Estamos integrando toda a operação: desenvolvimento, produção e logística”, afirmou o presidente da companhia para a América Latina, Cesar Alarcon.
O novo centro de distribuição tem 55 mil metros quadrados e está em fase de obras. A inauguração está programada para maio de 2025. Já o novo laboratório poderá desenvolver produtos para outros mercados. “No laboratório teremos cerca de 200 engenheiros. Vamos exportar tecnologia e também projetos”, disse Alarcon. Ele ressaltou o empenho da filiais do Brasil para superar dificuldades que a empresa encontra na exportação, principalmente logísticas. “Hoje, ainda é competitivo exportar do Brasil, mas há espaço para melhorar. Temos um concorrente direto, o México, que tem condições logísticas melhores que nós. É vizinho dos Estados Unidos”, explicou o executivo.