23/11/20 14h06

Exportações aumentam na indústria do Grande ABC

Vendas internacionais voltam a crescer e balança comercial registra superavit de US$ 384,6 milhões

Diário do Grande ABC

Apesar da forte crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus, a balança comercial da indústria do Grande ABC começa a dar sinais de recuperação e ficar no azul. De janeiro a outubro deste ano, o resultado foi de superavit – quando há mais exportações do que importações – de US$ 384,66 milhões, resultado que reverte igual período de 2019, quando havia deficit de US$ 250 milhões.

O levantamento foi feito pelo Diário com base nos dados de comércio exterior disponibilizados pelo Ministério da Economia. No total, a região importou US$ 2,17 bilhões e exportou US$ 2,56 bilhões.

O resultado no azul acompanhou os números nacionais, já que no País, a balança comercial acumula superavit de US$ 47,662 bilhões de janeiro a outubro. Esse é o segundo melhor resultado da série histórica para o período, perdendo apenas para janeiro a outubro de 2017, quando o superavit foi de US$ 58,451 bilhões. Em ambos os casos, o aumento pode ser explicado pela indústria da transformação, que após longa sequência de quedas começou a registrar uma recuperação.

Coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero afirmou que o fator câmbio é o mais importante para este impulso. “A exportação acabou se tornando válvula de escape num momento de retração do mercado interno”, afirmou. “Quando o câmbio vem forte, acaba influenciando nas exportações e isso acontece desde alimentos até automóveis. Vender para fora compensa nesse momento.” O dólar vive momento de alta, e a cotação da moeda tem variado de R$ 5,30 a R$ 5,50.

Outras questões também ajudaram no fortalecimento deste cenário. Caso de produtos considerados semimanufaturados até o fim do ano passado, mas que passaram a ser classificados como industrializados em respeito às normas internacionais. A mudança foi publicada pelo governo federal em julho deste ano para incentivar a economia e as exportações e tem a ver com a revisão das normas de drawback – mecanismo que consiste na suspensão ou eliminação de tributos incidentes sobre a aquisição de insumos utilizados na produção de bens que devem ser exportados.

Depois de meses em queda por causa da crise econômica na Argentina, as exportações de veículos de passageiros subiram US$ 3,21 milhões na mesma comparação (em números nacionais). Na região, diversas montadoras anunciaram a retomada dos negócios com os hermanos, ainda o principal parceiro comercial da região.

Porém, o cenário futuro é melhor para a região do que para o País. De acordo com o coordenador de estudos do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, professor Sandro Maskio, não há grandes expectativas para o comércio exterior nacional principalmente por causa da política ambiental (leia mais sobre o tema abaixo).

“O Grande ABC se diferencia um pouco nesta questão. Isso porque nós somos uma região industrial, embora puxada pelas multinacionais automobilísticas, com grande destaque para o setor de caminhões. Mas são esses grandes players industriais que talvez amenizem o impacto que o Brasil deve sofrer nos próximos anos (nas relações internacionais)”, explicou.

POR CIDADE

Apesar do resultado regional positivo, três cidades ficaram com saldos negativos (Santo André, Diadema e Mauá). O destaque foi São Bernardo, que sozinha exportou US$ 529 milhões (veja na arte ao lado). Na cidade, que concentra quatro montadoras (Volkswagen, Scania, Mercedes-Benz e Toyota), somente as exportações relacionadas ao segmento de veículos e componentes, como carrocerias e chassis, registrou um montante de exportações que chegou a US$ 1,085 bilhão e corresponde a 66% do total destas operações.

Em Diadema aconteceu a pior variação negativa, com deficit de US$ 190,58 milhões. O diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) da cidade, Anuar Dequech Júnior, afirmou que as indústrias ainda sentem o baque do fechamento da fábrica da Ford, em São Bernardo, no ano passado. A cidade sedia grande quantidade de empresas de metalmecânica que fornecem para as linhas de produção de automóveis.

“Temos observado o fechamento gradativo de diversas indústrias. Além do processo da desindustrialização que todo o País sofre, Diadema é mais sensível, porque muita gente fornecia para montadora, e ainda teve o impacto maior da pandemia”, disse. Além disso, ele também destacou que as exportações da cidade dependem do setor de máquinas industriais, mais especificamente de uma fábrica, a Prensas Schuller, que acaba tendo um movimento mais sazonal.

fonte: https://www.dgabc.com.br/Noticia/3636456/exportacoes-aumentam-na-industria-do-grande-abc