Exportação puxa alta da produção de veículos em fevereiro
Com recorde mensal em vendas externas, produção de montadoras aumenta 39% no comparativo anual, mas venda interna segue em queda
O Estado de S.PauloAjudada pelas exportações, que apresentaram o melhor resultado mensal da história do setor, a produção em fevereiro somou 200,4 mil veículos, alta de 39% ante um ano atrás e de 14,7% em relação a janeiro passado. No bimestre, o aumento foi de 28% frente a igual período de 2016, e somou 375 mil unidades.
O resultado ainda não representa uma retomada consistente da produção, pois as vendas internas seguem em queda. Os 282,8 mil veículos comercializados no bimestre representam o pior desempenho no período em uma década.
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, acredita que a retomada da economia brasileira, e consequentemente do setor, só virá com novos investimentos em infraestrutura, pois a melhora no consumo deve demorar a ocorrer em razão do alto índice de desemprego.
Megale espera que o pacote de novas concessões anunciado pelo governo seja colocado em prática. “Só anúncio não adianta; o que precisa é começar a acontecer”. Para ele, os investimentos nessa área vão movimentar a economia como um todo, gerar empregos e mais confiança.
Megale avalia como “dramática” a queda de 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016, anunciada nesta terça-feira, 7. Ele espera melhora neste ano, a partir do segundo semestre, e projeta crescimento de 0,5% na economia brasileira.
Por enquanto, só as exportações apresentam desempenho confortável para o setor. Os 104,2 mil veículos exportadas nos dois primeiros meses do ano são 73% acima do volume de 2016. “Estamos crescendo em vários mercados da região, como Uruguai, Chile e Colômbia”, diz Megale.
Esse movimento, contudo, é insuficiente para reduzir a ociosidade nas fábricas, hoje em 52%, em média. Só as montadoras de caminhões operam com apenas 20% da capacidade produtiva.
O setor abriu 400 vagas em fevereiro e emprega atualmente 121,5 mil pessoas. Mas ainda tem 1.669 funcionários em lay-off (contratos suspensos) e 8.681 operando em jornada reduzida. Além disso, várias empresas deram férias coletivas emendando com o feriado do carnaval.