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Exportação de serviços de TI ganha fôlego com valorização do dólar

Valor Econômico - 07/11/2008

Nem todas as empresas do mercado de tecnologia da informação (TI) têm enfrentado problemas com a alta do dólar. Enquanto fabricantes de computadores e eletroeletrônicos quebram a cabeça para negociar a importação de componentes e reajustar suas tabelas de preços, algumas companhias do setor tentam aproveitar a valorização da moeda americana. São empresas especializadas na prestação de serviços de tecnologia e que, a partir do Brasil, exportam hospedagem e gerenciamento de dados, suporte técnico, integração de software e desenvolvimento de sistemas. "As margens com contratos de exportação melhoraram muito. Vamos lucrar cerca de 30% a mais neste trimestre", diz Jair Ribeiro, presidente da CPM Braxis. O que beneficia as empresas de serviços de TI é a queda no preço da mão-de-obra local. Como os contratos são fechados em dólar, o país ficou mais competitivo, fazendo frente a países latinos como México e Argentina, além de China e Índia. Há duas semanas, diz Ribeiro, um cliente da CPM Braxis, que até então dividia seus contratos de serviços com um provedor de TI na Irlanda, decidiu centralizar tudo no Brasil. As transações também ganharam fôlego na unidade brasileira da Tata Consultancy Services (TCS). "Conseguimos novos contratos e renovamos boa parte dos já existentes", comenta o presidente da TCS Brasil, Cesar Castelli. Com os resultados, a TCS planeja ampliar seu quadro de pessoal em 500 profissionais até março de 2009, mês em que fecha seu ano fiscal. Mas nem tudo é festa para os vendedores de serviços de informática. Como em qualquer outro setor, paira sobre as empresas o receio de que a crise econômica corte os investimentos em tecnologia. "Do ponto de vista cambial é um bom momento, mas o problema é que a crise está indefinida e isso paralisa boa parte dos projetos", comenta Djalma Petit, diretor de mercado da Sociedade Brasileira para Promoção da Exportação de Software (Softex). Para Antonio Carlos Rego Gil, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Software e Serviços para Exportação (Brasscom), o momento pode ser um dos melhores para o setor. "Essa crise, na realidade, pode ter um efeito positivo. O mundo vai continuar buscando maneiras de fazer as coisas de forma mais barata", avalia. "Claramente há uma oportunidade para o país." Calcula-se que o mercado global de serviços de tecnologia movimentará cerca de US$ 1,3 trilhão em 2010. Desse total, US$ 600 bilhões serão consumidos por projetos terceirizados a companhias que operam no mesmo país de seu cliente. Outros US$ 110 bilhões terão como destino prestadores globais de serviços. A expectativa da Brasscom é que o país atinja US$ 5 bilhões em exportação de serviços até 2011, com a capacitação de 100 mil novos profissionais na área.