17/03/11 14h48

Eximbank terá linha de US$ 1 bi para pré-sal

Valor Econômico

O Eximbank dos Estados Unidos deverá confirmar, durante a visita do presidente Barack Obama ao Brasil, a concessão de até US$ 1 bilhão em financiamentos para projetos ligados à exploração do petróleo na camada pré-sal do Brasil, numa confirmação do interesse americano em ter o país como um de seus principais fornecedores de combustível fóssil. Desde o ano passado, o banco firmou com a Petrobras um protocolo que garante linhas de financiamento, estimadas em até US$ 2 bilhões. Os dois governos assinarão, ainda, um memorando de entendimento para cooperação em exploração de petróleo, que lança as bases para, no futuro, consolidar a posição brasileira como fornecedor aos EUA. A disposição de fazer do Brasil grande fornecedor de petróleo aos EUA foi comunicada pela própria presidente Dilma Rousseff a autoridades americanas, como revelou o Valor, no início do mês.

Um outro programa de impacto está previsto entre os anúncios a serem feitos durante a visita de Obama: um acordo para desenvolver biocombustível para a aviação, assunto acompanhado com interesse pela Embraer. O Brasil já produz o chamado bioquerosene, mas só recentemente os americanos desenvolveram tecnologia para fazer com que o combustível possa funcionar em aeronaves a grandes altitudes, com temperaturas muito baixas. Seria o começo de um programa de "clean skies" (céus limpos), a ser lançado pelos dois governos.

O programa de bioquerosene deve ser apresentado como um dos resultados do Fórum de Altos Executivos, que chegou a lançar esse tema como uma das possíveis parcerias entre companhias dos dois países. O anúncio do Eximbank inclui a criação de uma linha, como a oferecida à Petrobras, para investimentos conjuntos do Brasil e dos Estados Unidos em obras de infraestrutura, não só ligados ao pré-sal, mas também a eventos como a Copa do Mundo e a Olimpíada, e para investimentos em infraestrutura de terceiros países. Entre os financiamentos a investimentos conjuntos em terceiros países, os primeiro alvos dessa linha serão os países da África, hoje assediados pela China, em busca de fornecedores de matéria-prima.

Dilma e Obama terão reuniões com as respectivas equipes, participarão da conclusão dos trabalhos do Fórum de Altos Executivos - criado em 2007 com 20 dos principais dirigentes de empresas dos dois países - e encerrarão o encontro de empresários promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Câmara Americana de Comércio. A decisão de Obama de chegar no sábado no Rio de Janeiro, encurtando sua passagem por Brasília, levou ao cancelamento da entrevista que os dois presidentes dariam à imprensa na capital. Hoje, autoridades dos dois países deverão comentar a visita, que pretendem marcar como o reconhecimento do Brasil como "parceiro estratégico global" dos EUA. O governo brasileiro comemora o reconhecimento, por significar uma concordância tácita com a crescente atuação do país em assuntos internacionais fora da região latino-americana, mesmo não existindo aprovação de todas as iniciativas brasileiras.