19/08/10 16h30

Exigência de exame para câncer amplia mercado de PET scan

Valor Econômico – 19/08/10

Em vigor desde junho, a nova lista de procedimentos médicos obrigatórios a ser seguida pelos planos de saúde, entre eles o PET scan para câncer de pulmão e linfoma, acelera vendas dos fabricantes de equipamentos e da substância injetada nos pacientes submetidos a esse exame de imagem capaz de detectar o câncer de forma precoce. As três fabricantes do equipamento que realiza o exame de PET scan registram crescimento de vendas entre 50% e 100% neste ano em relação a 2009. E as companhias que fornecem o material injetado no paciente crescem junto.

A Siemens Healthcare terminou 2009 com 14 PET scanners instalados em hospitais e encerrará 2010 com outros 15. "Já estamos sentindo o impacto da nova regulamentação. Estamos conversando com clínicas e hospitais que nunca havíamos falado. Eles querem oferecer logo o exame para fechar parcerias com as operadoras de planos de saúde", disse Leonardo Packer, gerente de divisão da Siemens Healthcare.

Com encomendas 50% maiores neste ano, a GE Healthcare inaugurou, em julho, uma fábrica de equipamentos médicos em Contagem (MG) e no próximo ano montará uma divisão específica para equipamentos de PET scan. "O Brasil é um dos países com maior potencial de crescimento, principalmente, com as recentes regulamentações", diz Marcos Del Corona, diretor da GE Healthcare para o Brasil. A Philips Healthcare também prevê encerrar o ano com aumento de cerca de 50% nas encomendas. Não é só o mercado de equipamentos que está aquecido. As empresas produtoras de FDG (Flúor Deoxi Glicose), substância injetada no paciente submetido a exames de PET scan, estão na mesma maré. A Villas Boas Radiofármacos, maior empresa fornecedora de FDG no país, já sentiu expansão de 15% nos últimos dois meses e a expectativa é que com a instalação dos novos equipamentos nas clínicas e hospitais essa demanda aumente ainda mais.

Diante desse cenário, a Villas Boas, de Brasília, prevê a abertura de duas unidades em Guarulhos e Ribeirão Preto (SP), nos próximos dois anos, com investimento de R$ 20 milhões (US$ 11,4 milhões). A empresa também planeja abrir unidades no Rio e em Salvador em 2014. "Estamos abrindo várias unidades para atender diferentes regiões do país. O FDG é um material que tem duração de apenas 110 minutos [pois é radioativo]. Com isso, precisamos estar presentes em pontos estratégicos", diz Tiago Mundim, médico e dono da Villas Boas Radiofarmácos.

Com essa expectativa de crescimento, outras duas produtoras privadas de FDG estão entrando no mercado. Com investimento de R$ 15 milhões (US$ 8,57 milhões), a gaúcha R2 começou a operar em janeiro e hoje já atende os mercado do Rio Grande do Sul, Curitiba e Florianópolis. A Cyclobras, instalada em Campinas, deve abrir suas portas dentro de dois meses, após um investimento de R$ 25 milhões (US$ 14,3 milhões). Até 2006, o mercado de FDG não tinha a participação da iniciativa privada, sendo um monopólio público. O Instituto de Engenharia Nuclear (IEN) e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) também produzem o material, mas o foco de ambos é a pesquisa e a venda do material.