Ex-executivos do Buscapé criam fundo Domo
Valor EconômicoDois ex-executivos do Buscapé se juntaram a outros profissionais do mercado para lançar um fundo que pretende investir R$ 100 milhões em 20 empresas novatas (startups). Além de Rodrigo Borges, cofundador, e Guga Stocco, ex-vice-presidente da empresas de internet, fazem parte da iniciativa Gabriel Sidi e Marcello Gonçalves.
O novo fundo é o primeiro da Domo Invest, empresa de gestão de recursos criada pelos executivos no fim do ano passado. Entre os investidores estão os próprios fundadores da Domo, "family offices" e o holandês Kees Koolen, ex-presidente do site Booking.com.
Borges e Stocco são sócios do executivo no Koolen & Partners Smart Venture Capital, que colocou dinheiro em 12 empresas como Loggi, GymPass, HotMart e Ubook e atualmente só atua na gestão do portfólio remanescente - composto por seis empresas.
O objetivo da Domo é atuar em um segmento conhecido como capital semente (ou "seed capital"). Essa etapa sucede os aportes feitos por investidores-anjo (que colocam entre R$ 10 mil e R$ 500 mil, em média) e ajuda a estruturar as empresas para receberem recursos de fundos de capital de risco (acima de R$ 2 milhões). Pouco desenvolvido no Brasil, o capital semente começou a ganhar mais dinamismo no ano passado, com o redirecionamento das operações da Bossa Nova Investimentos, de Pierre Schurmann e João Kepler. Até o fim do ano, a meta é chegar a 100 empresas no portfólio, com investimento médio de R$ 500 mil por negócio.
Segundo Borges, a Domo vai atuar de forma complementar à Bossa Nova, buscando empresas em uma fase um pouco mais desenvolvida, que precisam de aportes maiores. A ideia é ter tíquetes entre R$ 1,5 milhão e R$ 3 milhões, assumindo até 20% de participação no negócio. Os alvos são empresas em áreas como saúde, educação e serviços móveis que tenham potencial de internacionalização e atuem com serviços e produtos vendidos diretamente ao consumidor (o chamado B2C) ou que vendam para empresas, mas que também sejam usados pelos consumidores (B2B2C).
Em 2017 serão feitos dez investimentos. "A tendência é que o cenário brasileiro melhore em 2017, mas, se a economia vai bem ou mal interfere menos no mundo das startups. A questão é se a empresa é inovadora ou não", disse.
O perfil de aportes da Domo foge um pouco da recente tendência de investidores de buscarem empresas que vendam apenas para empresas (B2B), um segmento considerado menos volátil e mais rentável. "[O B2C] é um mercado muito maior no qual nós [fundadores da Domo] temos experiência e podemos ajudar muito", disse.
Gabriel Sidi diz que dos R$ 100 milhões a serem investidos, R$ 40 milhões serão para aportes e R$ 60 milhões para reinvestimento nas empresas do portfólio. De acordo com ele, o objetivo é ter dinheiro para poder fazer novos aportes quando as startups fizerem novas rodadas de captação de recursos, evitando que a Domo tenha sua participação diluída. "Não queremos ser só investidores. Queremos ter participação ativa", afirmou.