Eutelsat amplia atuação no país
Valor EconômicoApós 15 anos de atuação tímida no Brasil, apenas com um escritório, a operadora francesa de satélite de comunicações Eutelsat decidiu fazer uma aposta maior no país. Comprou posições orbitais da Agência Nacional de Telecomunicações, investe na construção de satélites que cobrirão o país e a América Latina, e na implantação de um centro de operações em São Paulo.
Antes concentrada na Europa, a Eutelsat precisava romper as fronteiras do continente para crescer. Os dirigentes viram no Brasil um mercado sólido e com boas oportunidades, afirmou Rodrigo Campos, presidente da Eutelsat do Brasil, apesar dos altos e baixos da economia. A empresa tem uma visão de longo prazo e prevê demanda crescente para serviços por satélite nos próximos dez anos.
Todo o atendimento ao cliente e suporte técnico, hoje feito por meio da França, passarão para o novo teleporto de São Paulo a partir do próximo ano, disse Campos. A infraestrutura será composta inicialmente por 15 antenas para monitorar os satélites, interconectadas com as unidades do México e de Paris. A operação do centro de controle será terceirizada.
Com frota de 38 satélites, a Eutelsat tem em sua carteira clientes que prestam serviços de radiodifusão, operadoras de TV paga, provedores de internet, dados e vídeo, mercado empresarial e governo.
Em julho, o grupo divulgou receita de € 1,48 bilhão para o ano fiscal 2014-2015. Do total, 63% provém de vídeo e 16% de dados. No Brasil, dados já representam a maior receita e a expectativa é de que cresçam mais com os novos satélites voltados para o país.
Entre as possibilidades de crescimento e diversificação que convenceram os controladores a colocarem dinheiro no Brasil (embora não revelem valores) estão o desligamento da TV analógica e a banda larga por satélite, com foco em pequenas empresas.
A TV digital requer muito mais capacidade de satélite, o que abre oportunidade para expansão dos negócios. A Eutelsat transmite 5,8 mil canais de TV, 11% deles em alta definição, em todo o mundo.
A Eutelsat obteve aval da Agência Nacional de Telecomunicações para oferecer capacidade em dois de seus satélites ao mercado brasileiro. Pagou à Anatel R$ 42,35 milhões por frequências nas bandas C, Ku e Ka. Lançou em agosto o satélite 8 West B, que substitui o artefato anterior e dá capacidade ao Brasil para essas bandas.
Em 2016, vai lançar o 65 West A, com as três bandas, para cobrir todo o Brasil. Vendeu antecipadamente para a Hughes toda a capacidade em Ka nesse satélite. Firmou também contrato com a SpeedCast Serviços Multimedia para fornecer capacidade em Ku para aplicações de vídeos corporativos.