09/06/10 11h34

Eurofarma compra laboratório no Uruguai e planeja mais aquisições

Valor Econômico

A farmacêutica nacional Eurofarma comprou o controle do laboratório Gautier, com sede em Montevidéu, no Uruguai, com forte presença no mercado local, e deu mais um passo para avançar no seu plano de internacionalização. Quase um ano depois de adquirir a fármaca Quesada, da Argentina, a companhia já começa a negociar ativos no México, Chile e Colômbia e planeja construir uma fábrica ("greenfield") na Venezuela. Tudo isso faz parte da estratégia de cobrir 90% do mercado latino-americano.

A empresa não divulgou o valor do negócio, mas informou que está dentro do montante de R$ 170 milhões (US$ 94,4 milhões) que pretende investir no Brasil este ano. A transação envolveu a compra de 90% das ações do laboratório uruguaio. "Temos a opção de comprar os 10% restantes nos próximos dois anos", afirmou ao Valor Maria Del Pilar Muñoz, diretora de sustentabilidade e novos negócios da companhia. Com a aquisição da Gautier, a Eurofarma terá entrada nos mercados da Bolívia e Paraguai, onde a empresa uruguaia tem marcante presença. A Eurofarma já começou a prospectar negócios para possíveis aquisições no México, Colômbia e Chile, considerados importantes para o avanço da companhia na América Latina, e estuda uma unidade a partir do zero na Venezuela, mas esse investimento ainda está em avaliação. A empresa pretende estar nesses mercados até 2015.

Se estratégia de expansão da companhia fora do Brasil tem passado por aquisições, dentro do país os planos são investir no crescimento orgânico. A companhia de gestão familiar está concluindo aporte de R$ 450 milhões (US$ 250 milhões) para expandir seu complexo industrial de Itapevi, na Grande São Paulo. Outra frente envolve aquisição de produtos de marca e parcerias, como a que está em negociação com a Pfizer. A fábrica de Campo Belo, na capital paulista, hoje com produtos injetáveis, deverá ser transferida para Itapevi. Com faturamento de R$ 1,2 bilhão (US$ 609,1 milhões) em 2009, a empresa projeta receita de 17% maior este ano, atingindo R$ 1,4 bilhão (US$ 777,8 milhões).

O grupo também tem reforçado seus negócios em pesquisa. Segundo a executiva, a empresa tem em seu "pipeline" o desenvolvimento de duas moléculas em inovação radical. Uma delas é o resveratrol, em parceria com a PUC-RS, para desenvolvimento de medicamento para tratamento de diabetes tipo 2 e doenças neurológicas degenerativas; a outra, aleurites moluccana, com a Univali (Universidade do Vale do Itajaí ), para remédio fitoterápico com ação anti-inflamatória e analgésica.