05/11/12 09h52

Etanolduto Ribeirão Preto-Paulínia começa a funcionar em março

O Globo/O Estado de S.Paulo

Empreendimento de R$ 7 bilhões visa a ligar centros produtores e consumidores

O primeiro duto do mundo para o transporte exclusivo de etanol, em seu trecho inicial, já está completamente enterrado nos 215 quilômetros que separam as cidades paulistas de Ribeirão Preto, principal polo produtor, e Paulínia, maior centro distribuidor do combustível do país. Com o cronograma cumprido à risca e custo de R$ 1 bilhão, o trecho será inaugurado e entrará em fase de pré-operação em março de 2013, pronto para escoar o álcool produzido já na próxima safra de cana, iniciada em abril.

— A obra está na fase de construção do centro coletor do combustível, em Ribeirão, e no distribuidor, em Paulínia, rigorosamente dentro do cronograma; vamos fluir etanol por São Paulo em março — afirma Alberto Guimarães, presidente da Logum.
 
A companhia constrói e vai operar o empreendimento de R$ 7 bilhões, que transportará, por 1.300 quilômetros de dutos, até 2016, o álcool de cana entre os centros produtores e consumidores de Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
 
Já no início da operação entre Ribeirão Preto e Paulínia, o etanol poderá chegar até o Rio de Janeiro por meio da conexão dos dutos da Petrobras, uma das sócias do empreendimento. A estatal tem 20% da Logum, mesmo percentual das sócias Raízen, Copersucar e Odebrecht/ETH. Além delas, Uniduto e Camargo Corrêa — que toca a obra — têm 10% cada. O etanolduto deve transportar mais de 20 bilhões de litros por ano, com tancagem para 1,2 bilhão de litros de álcool quando a obra for concluída.
 
Segundo Guimarães, a Logum já está em fase final de negociação e elaboração de contratos com os primeiros clientes — entre usinas, distribuidoras e tradings — para o início do escoamento. Ele mantém os nomes dos potenciais clientes em sigilo, bem como o valor da tarifa para o transporte, que será publicada pela companhia no início das operações e terá a fiscalização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
 
— Nossa tarifa entre dois pontos vai ser, no mínimo, 20% inferior ao equivalente rodoviário e terá descontos maiores, de acordo com os volumes e as distâncias percorridas — garante Guimarães. — Aos produtores, vamos ainda oferecer um serviço para a coleta do etanol nas usinas e levá-lo até Ribeirão Preto.
 
Exportação é um projeto para o futuro
 
Previsto para começar a ser construído em novembro deste ano, o segundo trecho do etanolduto, nos 136 quilômetros entre Ribeirão Preto e Uberaba, em Minas Gerais, terá início em março e estará pronto em meados de 2014. De acordo com o presidente da Logum, o atraso ocorreu por problemas técnicos, bem como pelo início do período de chuvas na região.
 
Em julho de 2013, ainda com a obra de entrada no trecho mineiro do etanolduto em andamento, a companhia iniciará o trecho entre Uberaba e Itumbiara, em Goiás, o penúltimo antes da chegada a Jataí, também em Goiás, o ponto final. A obra prevê ainda a interligação, por meio de um ramal, de Paulínia às margens da Hidrovia Tietê-Paraná, em Anhembi (SP), para a coleta do etanol transportado por barcaças, bem como a exportação, via Oceano Atlântico, em Caraguatatuba (SP).
 
A exportação do etanol, aliás, originou o primeiro projeto de etanolduto, quando ainda era tocado pelo consórcio PMCC (Petrobras, Mistui e Camargo Corrêa). No entanto, com a fusão da PMCC com outros projetos, o nascimento da Logum, a oferta ainda restrita e a demanda externa volátil de etanol, o projeto migrou para a distribuição do combustível no mercado interno.
 
— O projeto de exportação não vai morrer, e já no início da operação poderemos escoar 2 bilhões de litros, mas a prioridade é abastecer o mercado interno. Só vamos avaliar os próximos passos, incluindo o escoamento em Caraguatatuba, em 2016 — diz Guimarães.