09/04/10 11h23

Etanol de sorgo é opção contra a entressafra da cana

DCI

O Brasil está perto de ganhar uma nova alternativa ao uso do etanol. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o sorgo sacarino, cereal que é usado como alimento humano e animal e útil na produção de farinha, deve ter sua cultura disseminada aos canaviais. A expectativa da instituição é inserir no mercado novas variedades de sorgo para a produção de etanol dentro de dois anos. Segundo a entidade, em cinco anos devem surgir cultivares (variedades híbridas) mais resistentes e fáceis de serem colhidas.

A estratégia da Embrapa é introduzir o cereal na entressafra da cana-de-açúcar (que vai de janeiro a abril), quando o preço do álcool está mais caro. Parrella afirmou que o plano da instituição é fazer o plantio na safra de verão, entre setembro e outubro. "A ideia é fazer com que a colheita caia exatamente naquele período [entressafra da cana] para abastecer o mercado, uma vez que o preço do álcool fica caro nessa época", disse Rafael Augusto da Costa Parrella, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo. "Se um produtor contar com um alto nível tecnológico; utilizar insumos; controlar as pragas, se seguir todas as considerações técnicas necessárias, ele pode chegar a uma produtividade média de 60 toneladas de biomassa verde", disse Parrella. E completa: "Para cada tonelada de biomassa [verde], são produzidos 70 litros - em média - por tonelada".

A média da Embrapa é de 2,5 mil litros a 4,5 mil litros de etanol por hectare. De acordo com Alfred Szwarc, especialista da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), a produção do sorgo sacarino é considerada uma atividade complementar aos canaviais. "A cana-de-açúcar pode chegar a mais de 7 mil litros de etanol por hectare. Concorrente [o sorgo] não é, mas é complementar para o álcool", diz. O cereal em potencial, segundo Szwarc, apresenta dados que indicam uma produtividade equivalente ou um pouco superior ao do milho, fator que encarece o custo da produção em relação ao etanol feito de cana. "O custo de etanol de milho gira entre 30% a 40% a mais que o da cana-de-açúcar", afirmou o especialista da Unica.

Parrella disse que ainda não há valores concretos sobre investimentos do cereal. "Ainda não temos dados definidos porque isso depende da região e alguns lugares têm um custo maior ou menor de insumos e defensivos agrícolas. Mas deve girar mais ou menos no mesmo valor do milho, que é uma cultura semelhante, na faixa de R$ 1 mil (US$ 556) reais a R$ 1,5 mil (US$ 833) por hectare", revelou. A Embrapa realiza um projeto piloto com uma empresa privada mineira, a Usina Sada Bioenergia - instalada ao norte de Minas Gerais -, com uma área plantada de 12 hectares. Mauro Maciel, diretor agrícola da empresa, contou que a experiência está sendo positiva e que as expectativas são boas, mas não revelou projeções de custos.