23/08/16 15h07

Estudo mostrará como agilizar atracação de navios no Porto de Santos

Portos e Navios

Aumentar a eficiência na entrada e na saída de navios do Porto de Santos é o objetivo de uma pesquisa inédita que envolve alunos da Faculdade de Tecnologia (Fatec) Baixada Santista - Rubens Lara e o Conselho de Autoridade Portuária (CAP) de Santos. Os estudantes são responsáveis por apresentar soluções para reduzir o tempo entre a chegada de navios na Barra de Santos e sua atracação nos terminais.

Cinco professores da Fatec coordenam os estudos, que são feitos por alunos do 2º ao 6º semestre do curso de Gestão Portuária. Todos vão usar como base informações disponibilizadas pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), estatal que administra o complexo portuário.

“Existe uma linha de tempo, que é uma previsão de quanto tempo demora para o navio sair da barra (onde fica esperando o momento de entrar no Porto) e atracar. Tudo que impedir que esse tempo seja cumprido, para nós, é um gargalo. A ideia é classificar esses eventos, ver quais podem ser minimizados, evitados e como a gente viabiliza isso com o que tem de infraestrutura hoje no Porto de Santos”, explica o professor Álvaro Prado.

O docente é responsável pela coordenação do grupo que fará a análise dos dados apresentados pela Codesp. Nesta primeira etapa, é avaliada a incidência de fatores considerados grandes causadores de atrasos na atracação de embarcações.

Apenas no ano passado, em 448 casos, houve alguma demora na manobra das embarcações. Entre os eventos que motivaram esses atrasos e serão analisados estão a ocorrência de cabos brandos ou mordidos, a dispensa de práticos, o cancelamento de manobras por falta de amarradores e ainda a presença de obstáculos nos berços de atracação.

“São problemas técnicos locais. Nós vamos estudar qual é a incidência, qual é a ocorrência, se é um problema do terminal, do navio e o que precisa se fazer para melhorar isso. O nosso papel é identificar, dentro desses quesitos que eles nos passaram, o que é realmente relevante, qual é a ordem de relevância e quais são as soluções possíveis”, destaca o professor Álvaro.

Além disso, informações sobre as embarcações que frequentam o Porto serão catalogadas durante o estudo. Nome, carga, volume, berço que irá atracar, o agente marítimo responsável e ainda o tempo perdido com problemas também serão levados em conta na elaboração do trabalho.

Relatório

O primeiro relatório do grupo da Fatec-BS deverá ser entregue no próximo dia 31, durante reunião do CAP, em sua sede, no Centro de Santos. No entanto, algumas informações ainda precisam ser repassadas pela Autoridade Portuária.

“Hoje, a informação técnica, eu tenho na Fatec. O que preciso é aproximar o mercado, que são as empresas, e a Autoridade Portuária aqui para dentro, para a gente formar um centro de conhecimento, de estudos”, destaca o coordenador do curso de Gestão Portuária, Júlio César Raymundo.

Segundo o docente, nada impede que, após a conclusão do estudo, seja criado um sistema para monitorar a acessibilidade marítima do complexo, que poderá ser usado pela comunidade portuária. Essa etapa ainda é embrionária e só será avaliada ao fim dos trabalhos, diz o coordenador.

"Primeiro, a nossa ideia é envolver os alunos na comunidade portuária. Depois, vamos intervir para melhorar o cenário que se tem hoje, possibilitando a criação de mais postos de trabalho”, destaca o professor Álvaro Prado.

CAP

Segundo o presidente do Conselho de Autoridade Portuária (CAP) de Santos, Rossano Reolon, o convênio com a Faculdade de Tecnologia (Fatec) Baixada Santista - Rubens Lara vai além da pesquisa. A ideia é que, no futuro, seja criado um sistema que reúna informações sobre a acessibilidade aquaviária do cais santista.

"Está sendo analisada a possibilidade de o Porto de Santos desenvolver uma plataforma integradora de dados de acessibilidade on-line, dando condições para que cada usuário obtenha as principais informações sobre a chegada ou a saída de navios, hora de atracação e desatracação, início e término de operação etc.”, destaca o executivo do Conselho.

Segundo Reolon, foram criadas seis câmaras temáticas no CAP. Uma delas trata especificamente das questões de infraestrutura e promove debates entre os principais agentes participantes do processo portuário, fomentando discussões com objetivo de identificar gargalos e propor ações imediatas para solucioná-los.

“Somente conseguimos melhorar aquilo que medimos. No que tange a entrada e a saída de navios, qualquer atraso ocorrido em um determinado navio afeta todos os demais que estão programados para entrar ou sair, acarretando perda de eficiência para todo o complexo portuário”, diz Rossano Reolon.

De acordo com o executivo, o foco da faculdade será mapear o processo de entrada e saída de navios, além de identificar a quantidade de eventos existentes nesse processo e, a partir daí, medir o tempo de cada evento e analisar as possibilidades de melhorias. Todas essas ações visam otimizar a performance do Porto de Santos.

“O CAP de Santos vem cumprindo seu papel de apoio à Autoridade Portuária (Companhia Docas do Estado de São Paulo, a Codesp), fomentando discussões e propondo várias ações, sempre no sentido de colaborar com o desenvolvimento sustentável das operações portuárias frente à demanda crescente por melhorias na eficiência de gestão”, destaca o presidente do Conselho.