27/01/22 11h59

Estudo do CEBC mostra que empresas precisam investir na “marca Brasil” para ter sucesso no e-commerce da China

Comex do Brasil

Os setores de alimentos e bebidas estão entre os mais promissores para empresas brasileiras no e-commerce da China, mas para terem chances de sucesso neste mercado elas precisam investir na construção da imagem de seus produtos e da marca “Brasil”, com destaque para questões como biodiversidade e sustentabilidade. Essa foi uma das conclusões de evento promovido pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) nesta quarta-feira, (26), para lançamento do estudo “As Oportunidades e os Desafios para Empresas Brasileiras no Maior E-Commerce do Mundo: a China”. 

O debate contou com a presença da autora do relatório, Renata Thiébaut, da gerente de Competitividade da ApexBrasil, Deborah Rossini, do diretor de Papéis da Klabin, Flavio Deganutti, e da diretora de Inteligência Comercial da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sueme Mori. A moderação ficou a carga da diretora executiva do CEBC, Cláudia Trevisan. Tanto o estudo quanto o evento foram patrocinados pela CNA e a Klabin. 

O comércio online na China movimentou US$ 2,3 trilhões em 2020, quantia que supera a soma dos PIBs do Brasil e da Argentina. Analistas projetam que valor chegará a US$ 3,6 trilhões em 2024, quando o e-commerce deverá representar 58% do varejo chinês (físico e digital). 

“Hoje a nossa pauta de exportação não reflete a nossa produção agropecuária. Nós somos o maior exportador de soja e proteína animal, mas a gente produz muito mais. O ano passado foi o recorde de exportação de frutas, com US$ 1,2 bilhão, foi um marco, mas é muito pouco perto do que a gente produz e do que a gente conseguiria ainda exportar”, disse Mori, da CNA. A venda de frutas e o crescente peso da sustentabilidade são duas tendências para as vendas externas do Brasil por meio do comércio online, o que terá impactos diretos sobre o setor de embalagens, ressaltou Deganutti. 

“O Brasil é um exportador que pode ser muito mais relevante para frutas. O potencial é enorme. E isso demanda uma embalagem específica, uma embalagem menor, que tem a proteção como elemento central”, observou o diretor da Klabin. 

Thiébaut, que trabalha há mais de uma década com o e-commerce chinês, afirmou que um dos principais erros cometidos por empresas estrangeiras que tentam entrar neste universo é a falta de adaptação de estratégia e de produtos para as especificidades do consumidor local. 

“Várias marcas que adotaram a mesma estratégia do mercado global na China acabaram até tendo que sair do país”, observou Thiébaut, mencionando os exemplos de Forever 21 e Mark & Spencer. Rossini, da ApexBrasil, colocou o conceito de “brasilidade” no centro dessa estratégia de promoção e adaptação. “Nós identificamos que produtos, empresas, serviços que tenham esse conceito de brasilidade, que conseguem transmitir o nosso estilo de vida, as nossas cores, a nossa alegria, a nossa cultura, têm um apelo muito grande.” 

No encerramento do evento, o presidente do CEBC, embaixador Luiz Augusto de Castro Neves, identificou dois problemas principais nos esforços de diversificação das exportações brasileiras para a China: a relativa baixa presença de empresas brasileiras e de associações de classe em solo chinês e a ausência de uma campanha coordenada de imagem do Brasil na China. “Nós precisamos de uma estratégia de longo prazo para a relação com a China.” 

Rossini disse que a ApexBrasil trabalha em parceria com o Ministério da Agricultura e o Itamaraty em um estudo sobre a viabilidade técnica e econômica de abertura de uma “Loja Brasil” em plataformas do e-commerce na China. Nesse modelo, várias empresas e produtos são agregados, o que reduz o custo para os envolvidos. “Entendemos isso como extremamente relevante, como posicionamento do Brasil e de acesso ao mercado para nossas empresas. É um caminho que a gente precisa trilhar urgentemente.” 

Além de alimentos e bebidas, o estudo identificou os setores de beleza e moda como promissores para empresas brasileiras no e-commerce chinês. Entre produtos específicos, se destacam lácteos, carnes, castanhas, açaí, alimentos orgânicos e de base vegetal, suplementos para saúde e tratamentos de beleza, como os que contêm queratina. Na moda, há espaço para roupas e acessórios de nicho, que tenham cortes diferenciados ou sejam destinados à prática de esportes. 

Muitas das oportunidades são exploradas por empresas de outros países. A marca mais popular de açaí no comércio online da China é belga, enquanto “pinhões brasileiros” são vendidos por marcas chinesas e americanas. Apesar de ser o maior produtor de café do mundo, o Brasil tem pouca presença nesse setor, que cresce em ritmo elevado. 

O CEBC decidiu lançar o estudo por acreditar que o e-commerce é um importante canal para a diversificação das exportações brasileiras à China e para a agregação de valor aos produtos vendidos. 

Assista ao evento: https://www.youtube.com/watch?v=6ZejYBC01y4

Acesse o estudo: https://www.cebc.org.br/2022/01/26/as-oportunidades-e-os-desafios-para-empresas-brasileiras-no-maior-e-commerce-do-mundo-a-china/

 

fonte: https://www.comexdobrasil.com/estudo-do-cebc-mostra-que-empresas-precisam-investir-na-marca-brasil-para-ter-sucesso-no-e-commerce-da-china/