17/06/10 14h39

Estudo da Abramat prevê dobro do faturamento até 2016

Valor Econômico

O crescimento contínuo, avaliado como sustentado, no faturamento real da indústria brasileira de materiais de construção - em 2010, as vendas devem subir 15% e superar os R$ 110 bilhões (US$ 61 bilhões) -, levou empresas do setor a ampliar a previsão de investimentos para os próximos anos no país. Até 2016, conforme estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) preparado para a Abramat, entidade que representa a indústria de materiais, o faturamento real do setor deverá chegar a R$ 188 bilhões (US$ 104 bilhões), quase que o dobro dos R$ 96 bilhões (US$ 48,7 bilhões) registrados em 2009. "A maior disponibilidade de recursos para financiamento imobiliário e medidas do governo, como a fase dois do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa, Minha Vida, nos fazem crer que o crescimento é sustentado", diz o presidente da Abramat, Melvyn Fox. Obras de infraestrutura para realização da Copa de 2014 e Olimpíada de 2016 também prometem movimentar o já aquecido setor de materiais de construção.

Em abril, conforme a mais recente edição do Índice Abramat, o faturamento da indústria brasileira de materiais de construção, deflacionado pelo INCC, cresceu 20,91% ante o mesmo mês do ano passado, porém mostrou queda de 8,23% ante março, explicada pelo menor número de dias úteis em abril. Esse foi o sexto mês consecutivo de variação positiva, quando da comparação com o mesmo intervalo de 2009, o que teve reflexo na intenção de investimento de empresários do setor. Em maio, segundo o termômetro Abramat, 71% das associadas à entidade responderam que pretendem investir nos próximos 12 meses. No início do ano, a fatia daqueles que tinham intenção de realizar aportes na operação estava em 59% - em maio de 2009, ainda no pior momento da crise econômica, apenas 33% das indústrias estavam dispostas a investir. A Abramat reúne 49 empresas, responsáveis por cerca de 60% do faturamento da indústria.

Duas das maiores fabricantes de chapas de madeira do país, Duratex e Eucatex fazem parte do grupo de empresas que se antecipou à retomada dos negócios e começou, já no ano passado, a investir em ampliação de capacidade. A Eucatex está implantando em Salto (SP) uma fábrica de chapas finas de madeira, conhecidas como T-HDF, em projeto com investimento total estimado em R$ 250 milhões (US$ 138,9 milhões) e início de operação programado para setembro. Somente em 2010, a companhia, que atua ainda no segmento de tintas imobiliárias, planeja aplicar R$ 150 milhões (US$ 83 milhões), dos quais R$ 85,6 milhões (US$ 47,6 milhões) na nova unidade.

A Duratex, por sua vez, prevê investimentos de R$ 420 milhões (US$ 233 milhões) ao longo deste ano, 65% dos quais destinados à área de painéis de madeira - até dezembro, três novas linhas de produção estarão em plena operação. A divisão Deca, de louças e metais sanitários, também receberá recursos, 35% do total planejado, com vistas à expansão de capacidade. De acordo com Melvyn Fox, da Abramat, a direção da entidade vai se reunir em julho com o objetivo de discutir se a projeção de crescimento de 15% neste ano ainda é adequada. "Podemos revisar para cima", avisa.

Na indústria de cimento, o grupo Votorantim é o fabricante que tem mostrado uma postura mais agressiva de investimentos para expansão da capacidade no país. No mês passado, a Votorantim Cimentos anunciou novo pacote de recursos, de R$ 2,5 bilhões (US$ 1,39 milhão), para instalação de oito novas fábricas nas regiões Nordeste, Norte, Sul e Centro-Oeste. O objetivo é atender novas frentes de demanda nessas regiões, com a interiorização do desenvolvimento econômica no Brasil. A empresa aposta no aumento da demanda puxada por novas moradias, novas obras industriais, comerciais e de infraestrutura, aliadas ao aumento da renda e crédito da população.

As fabricantes de vidros planos usados na construção estão investindo R$ 1 bilhão (US$ 556 milhões) em expansão da capacidade e novas fábricas, depois de mais de seis anos sem aportar recursos para ampliar oferta. Após aumento de 10% nas vendas em 2009, o setor tem expectativa de mais 12% este ano. A Cebrace, joint venture entre a francesa Saint-Gobain e a inglesa Pilkington está aplicando R$ 460 milhões (US$ 256 milhões) em dois fornos e a americana Guardian, US$ 150 milhões, em nova fábrica em Tatuí (SP). Também anunciaram investimentos o grupo pernambucano Cornélio Brennand e a paulista União Brasileira de Vidros.