01/07/15 14h58

Estudantes querem automatizar operação de contêiner em Santos

Alunos do curso de Automação Industrial da Fatef pesquisam como agilizar a movimentação de cargas

A Tribuna

Automatizar o embarque e o desembarque de contêineres no Porto de Santos é o principal objetivo de um projeto de pesquisa desenvolvido por alunos do curso de Automação Industrial da Faculdade de Tecnologia de São Vicente (Fatef). O plano é que os portêineres, equipamentos que movimentam os contenedores entre o cais e os navios, passem a ser operados a distância, garantindo maiores segurança e produtividade a essa atividade nos terminais especializados.

O projeto faz parte do trabalho de conclusão de curso (TCC) de cinco alunos da instituição de ensino. Eles resolveram focar o estudo no setor portuário como uma forma de conhecer mais a área e, possivelmente, ingressar nesse mercado de trabalho.

“O objetivo maior do projeto é dar segurança. Ele tira totalmente o operador da linha de risco, aumenta a produtividade e garante a redução de custos para o terminal”, explica Elisa Kimie Yamaoka, aluna do 5º semestre de Automação Industrial.

A ideia é que os portêineres sejam programados para realizar as operações, tornando desnecessária a presença de operadores na cabine do equipamento, que fica a uma altura de cerca de 60 metros (o equivalente a um prédio de 12 andares). Todos os movimentos poderão ser acompanhados de um centro de controle e supervisão, que deverá ser instalado dentro do próprio terminal.

Sistemas automatizados para a movimentação de contêineres já são utilizados em outros portos, como Roterdã, nos Países Baixos. Em Santos, não. No complexo marítimo, em todos os terminais especializados, a operação de portêineres segue o padrão tradicional, com profissionais manejando o equipamento a partir da cabine suspensa. Nessa atividade, o contêiner é movimentado após ser preso a uma plataforma ligada a cabos, deslocados ao longo dos trilhos da lança do portêiner. Dessa forma, ele é levado entre o cais e o navio (embarque) ou faz o caminho inverso (desembarque).

“A gente quer esse portêiner automatizado. Ele é todo programado em linguagem computacional, em comunicação com o sistema supervisório. Há uma tela que mostra, em tempo real, tudo o que está acontecendo na área. Através da programação, nós conseguimos direcionar onde o contêiner vai parar, quais são as posições, as sequências. Assim que chega o contêiner (no cais), o sistema já é acionado e o portêiner sabe onde tem que ir. Quando termina, a lança sobe novamente e fica em estado de repouso. Tudo está praticamente automatizado”, explicou Elisa Yamaoka.

Estudantes do curso de Automação Industrial montaram maquete de portêiner para analisar trabalho no cais

Planejamento

Segundo os alunos da Fatef, o sistema de automação respeitará a programação feita pelo ship planner – que é o planejador das operações, o profissional responsável pelo plano de embarque e descarga do navio porta-contêineres, de acordo com as características da embarcação mercantil.

“O navio usa o ship planner e o sistema usaria esse planejamento para saber os detalhes da operação. O operador (do portêiner), lá em cima, sabe a numeração do contêiner que está lá embaixo de acordo com o mapa. (No sistema automatizado) ele só vai visualizar, não vai ficar apertando botão. Os próprios sensores vão identificar se o contêiner já vai estar lá embaixo”, explicou o aluno Julio Cezar Matoso.

Segundo os estudantes, com a automação, será possível definir o tempo necessário para a movimentação de cada contêiner. E o terminal especializado poderá programar quantos movimentos por hora (MPH) serão executados pelos equipamentos.

“Todos os passos da operação serão definidos. A gente poderá programar em quanto tempo deverão ser feitos os movimentos, em quantos segundos os contêineres serão içados pelos eletroímãs. Tudo isso é bem detalhado no programa”, explicou Elisa.

Esses novos procedimentos poderão aumentar a eficiência das operações e, consequentemente, reduzir os custos dos terminais. “A ideia é que, com a automação, haverá um menor número de operadores. Hoje, existem escalas, trocas de operadores. Com o novo sistema, um operador poderá supervisionar a atividade de quatro ou cinco portêineres em um navio. Ele praticamente só iria corrigir os erros”, destacou Julio Cezar Matoso.

Desafios

Segundo os alunos, foram vários os desafios para a elaboração do projeto de pesquisa. Entre eles, entender como operam o setor portuário e equipamentos como os portêineres.

“Tivemos de saber como funciona (o portêiner) para fazer maquete. A parte de programação e a tela do sistema supervisório foram complicadas. Tivemos de trabalhar os dois juntos. Era preciso haver uma comunicação entre elas e a estrutura que foi feita. São três coisas diferentes que têm que se casar para funcionar perfeitamente”, afirmou Elisa.