Estrangeiros têm interesse em shoppings no país
Valor EconômicoO cenário para os shopping centers ainda continua negativo, com queda nos índices de visitas de consumidores, nível de lojas vagas e inadimplência altos e problemas de endividamento em parte das administradoras. Ainda assim, para investidores estrangeiros, os ativos brasileiros ainda apresentam potencial de ganhos futuros e estão atrativos para compra, por conta do preço mais baixo em função do câmbio e da crise econômica e política no país.
A Blackstone Brasil, braço do americano Blackstone, a canadense Brookfield, o GIC Real Estate, braço de investimentos do Fundo Soberano de Cingapura (GIC) e o grupo israelense Gazit-Globe reafirmaram que têm interesse em fazer novos investimentos em shopping centers no Brasil, mesmo sem sinais de recuperação imediata do crescimento econômico.
Marcelo Fedak, diretor da Blackstone Brasil, disse que boa parte dos ativos no país ainda têm potencial para gerar ganhos futuros. "Para grupos que fazem investimentos de longo prazo, como no nosso caso, a avaliação é de que ainda há potencial de reversão desse cenário", afirmou Fedak.
O executivo disse que a Blackstone Brasil avalia empresas de gestão de shopping centers com empreendimentos de alta qualidade para investir, bem como a compra de ativos em separado. Fedak acrescentou que São Paulo possui empreendimentos com melhores indicadores de desempenho em comparação a outras praças.
David Arthur, sócio diretor da Brookfield, disse que vê oportunidades para compra de ativos por conta do preço dos empreendimentos, mais baixo do que nos anos anteriores. A Brookfield tem R$ 41 bilhões em investimentos no país. Recentemente, a companhia comprou a Transportadora do Sudeste (NTS), da Petrobras.
No alvo da Brookfield estão negócios nas áreas de infraestrutura de transporte, logística e setor imobiliário - com atenção especial a shopping centers. No país, a Brookfield já administra oito shoppings. "O país enfrenta desafios políticos e econômicos, mas tem potencial de expansão no futuro. A companhia avalia oportunidades para investimentos de longo prazo", disse Arthur.
Gastão Valente, vice-presidente sênior do GIC Real Estate, concorda que o momento atual "é bom para fazer bons investimentos no Brasil". "O GIC Real Estate tem feito mais investimentos nos últimos dois anos no país, por conta do valor dos ativos e das ofertas de empreendimentos", disse Valente. O GIC Real Estate avalia oportunidades para investir em shopping centers, segundo o executivo.
Chaim Katzman, acionista majoritário e presidente do conselho de administração da Gazit-Globe, também vê com boas perspectivas o cenário para o país no longo prazo. "O país passa por uma situação difícil, mas apresenta amadurecimento político e institucional. Isso é muito encorajador", afirmou.
Katzman acrescentou que a Gazit-Globe avalia novos investimentos no país e que considera mais produtivo comprar shoppings que já existem do que construir um empreendimento a partir do zero. A Gazit-Globe é dona do edifício Top Center e do Top Center Shopping, e administra o Shopping Light, todos em São Paulo.
Os executivos participaram ontem do segundo dia de apresentações do 14º Congresso Internacional de Shopping Centers, promovido pela associação do setor (Abrasce), em São Paulo, e que se encerra hoje.