Estrangeiro quadruplica recursos

Gazeta Mercantil - 19/11/2007

A entrada de recursos estrangeiros no mercado de capitais, que havia diminuído em setembro, devido à crise imobiliária americana, voltou a crescer em outubro, elevando o estoque do investimento no País, que começou timidamente há menos de duas décadas, para US$ 54,34 bilhões, um recorde histórico. Os ganhos obtidos na aplicação desses recursos fizeram o estoque multiplicar-se por quatro, com a carteira de investimentos dos estrangeiros atingindo a cifra de US$ 218,10 bilhões no final de outubro, como mostra pesquisa da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Parte do salto entre o volume internado no País e o valor da carteira de investimentos dos estrangeiros veio do ganho cambial, dada a desvalorização do dólar no mercado internacional, inclusive na sua relação com o real. A maior fatia da valorização, porém, veio das ações, ativo no qual estavam investidos 77,5% do portfólio. Desde 1991, os estrangeiros vêm obtendo rentabilidade investindo no Brasil, mas a partir de 2004 o potencial de ganho superou as expectativas de anos atrás. Como resultado, recentemente o mercado de capitais passou a atrair um novo perfil de investidores, além de recursos provenientes de regiões que não aplicavam no País. No novo perfil de investidores começam a aparecer figuras como bancos de investimento internacionais e corretoras americanas, trazendo investidores pessoas físicas para aplicar no Brasil. Se a remuneração dos investimentos continuar nos patamares atuais no mercado internacional - a taxa básica de juros americana está em 4,50% ao ano - os investidores vão continuar olhando com mais carinho para o Brasil, dentre os demais emergentes, porque ele tem vantagens competitivas. Entre elas, o Brasil tem com a proximidade do "investment grade" (que historicamente alavanca as economias em questão) a perspectiva de novos ganhos cambiais e a regulação dos mercados com o aumento de práticas de governança corporativa. O "investment grade" é esperado entre o segundo semestre de 2008 e o primeiro trimestre de 2009.