06/07/12 12h09

Estrangeiro impulsiona negócios a nível recorde

Valor Econômico

Com um aumento na participação de empresas estrangeiras, o Brasil atingiu um número recorde de fusões e aquisições durante o primeiro semestre deste ano. A informação faz parte da pesquisa trimestral da consultoria KPMG.

Entre janeiro e junho, foram 433 operações finalizadas, 54 a mais do que no mesmo período de 2011 - um crescimento de 14%. Só no segundo trimestre, foram 216 negócios.

Os grupos estrangeiros fortaleceram sua posição dentro do mercado nacional. Desse total de fusões e aquisições na primeira metade de 2012, 225 companhias de fora compraram participação no capital social de brasileiras ou outras estrangeiras que estão no país.

Entre os países que mais aumentaram sua presença por aqui, os Estados Unidos encabeçam a lista. Foram 104 fusões e aquisições por americanas durante o primeiro semestre. Na sequência, aparecem Reino Unido, com 18 transações, e Alemanha, com 17.

"O apetite dos estrangeiros comprando empresas no Brasil foi maior do que o dos próprios brasileiros no primeiro semestre, situação que nunca havíamos visto até então", pondera Luis Motta, sócio da área de fusões e aquisições da KPMG no país, em nota. O relatório ainda ressalta que até mesmo o setor de tecnologia da informação, tradicionalmente dominado por brasileiros, demonstrou o comportamento descrito por Motta, nos primeiros seis meses do ano. No setor foram registradas 50 operações de fusões e aquisições no período, sendo que 31 tiveram estrangeiras como compradoras.

No âmbito global, foram os setores de energia e mineração que mantiveram o mercado de fusões e aquisições aquecido no mês de maio, segundo levantamento do Merrill DataSite em parceria com a consultoria MergerMarkets.

De acordo com o estudo, esses dois segmentos impediram uma queda maior no valor global de fusões e aquisições registrada naquele mês. No período, foram fechadas 782 operações ao redor do globo, que movimentaram US$ 171 bilhões, recuo de 32% em relação ao mesmo período de 2011.

As operações nos setores de energia e mineração responderam por 29% do valor movimentado no mês. Na Europa, quatro dos dez acordos fechados no mês foram nesse segmento. O maior foi a aquisição da irlandesa Cooper Industries pela Eaton por € 9,34 bilhões - o que representou um prêmio de 29% em relação às cotações da fabricante de cobre nos pregões anteriores à conclusão da operação.

Na América Latina, o setor de energia respondeu por 37,7% dos US$ 10,9 bilhões em operações de fusões e aquisições movimentados ao longo do mês de maio. O destaque ficou por conta da aquisição do controle da distribuidora de gás paulista Comgás pela Cosan, por US$ 4 bilhões.

Outro negócio importante foi a cisão da mineradora de carvão CCX da MPX, do setor de energia. A CCX foi listada em bolsa por um valor de mercado inicial de US$ 598 milhões.

Também cresceu o interesse pelas empresas de consumo na América Latina. A compra da Yoki Alimentos pela americana General Mills, por US$ 954 milhões, e a aquisição da marca de cachaças Ypioca pela Diageo, por US$ 454 milhões, foram fechadas em maio.