06/01/11 14h41

Estoques baixos dão ritmo à indústria no início de 2011

Valor Econômico

Os fabricantes de produtos como eletroeletrônicos entram em 2011 com níveis ajustados de estoques, um fator importante de impulso à produção. No Polo Industrial de Manaus (PIM), as empresas apostam suas fichas num começo de ano positivo, segundo o assessor econômico da presidência da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Gilmar Freitas. Ele diz que as encomendas estão firmes, apontando para um aumento da produção em janeiro de 15% em relação ao mesmo período do ano passado, um mês em que a atividade econômica tinha sido forte. Com base no volume de encomendas às empresas do PIM, Freitas acredita que o varejo virou o ano com estoques baixos, próximos aos "apresentados no encerramento de 2009", níveis que ajudaram a impulsionar os negócios no ano passado. Assim como em 2010, Freitas acredita que o setor de eletroeletrônicos, a locomotiva do PIM, deve registrar o melhor desempenho em 2011.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, também espera um bom crescimento no começo de 2011, dado o nível de encomendas de dezembro. As empresas que vendem bens de consumo duráveis devem ter um ano bastante positivo, diz. No caso das que fabricam bens de capital, há perspectivas promissoras, dado o cenário favorável para o investimento em infraestrutura e do programa Minha Casa, Minha Vida (que favorece as companhias que fabricam materiais elétricos de instalação, por exemplo). O temor de Barbato, porém, é que parte dessa demanda não seja atendida por empresas brasileiras. O câmbio valorizado e o elevado custo de produção no país afetam a competitividade das empresas brasileiras, afirma ele.

Essa forte concorrência externa é um dos fatores que podem limitar um voo mais alto da indústria em 2011, na visão do economista-chefe da corretora Convenção, Fernando Montero. Para ele, o aumento da fabricação de bens intermediários (insumos) é um sinal favorável, que costuma antecipar aumento da produção do resto da indústria, assim como a queda de estoques. A questão, segundo ele, é que a demanda interna tem sido atendida em parte expressiva por produtos importados, num quadro de câmbio valorizado. Isso pode limitar o fôlego da indústria em 2011. Para Montero, é preciso verificar também a real magnitude da queda dos estoques de veículos em dezembro, a ser divulgada hoje, para ter ideia do potencial de expansão do setor no começo do ano. De julho a novembro, os inventários caíram de 330 mil unidades para 291 mil, um recuo não tão expressivo, para ele.