13/10/09 14h31

Estoque de IED do Brasil é o maior do Bric

Valor Econômico

O Brasil apresenta as mais altas taxas de internacionalização da economia entre os países emergentes que compõem o Bric - Brasil, Rússia, Índia e China - considerando o estoque de investimento estrangeiro direto (IED) em relação ao tamanho do Produto Interno Bruto (PIB). Ainda que os fluxos de capital externo e a corrente de comércio sejam mais elevados na China, é por meio do estoque, que leva em conta o capital acumulado ao longo do tempo, em relação ao PIB, que o Brasil surge como líder.

Nessa conta, o estoque de IED equivale a 18% do PIB, ante 13% do russo e apenas 9% do chinês, que no entanto, apresentam PIB maior que o Brasil - a China é uma das três maiores economias do mundo. Além disso, analisando a corrente de comércio - exportações mais importações -, o Brasil registra valores inferiores aos parceiros do Bric. No ano passado, a soma das exportações e importações brasileiras representou 23,6% do PIB, enquanto a corrente de comércio da China foi equivalente a quase 60% do PIB. O crescente ingresso de IED frente a uma ampliação das importações aumenta a necessidade de financiamento das contas externas.

"Entre os países que compõem o Bric, o Brasil é o que tem a estrutura produtiva mais desenvolvida", afirma o economista Antônio Corrêa de Lacerda, da PUC-SP, autor de estudo sobre a internacionalização da economia brasileira. Ao mesmo tempo em que "internacionaliza" a economia, o crescente ingresso de capital estrangeiro alarga o déficit nas transações correntes do país. Para Lacerda, a ampliação do déficit não preocupa, uma vez que seu financiamento é garantido pela grande oferta de projetos atrativos aos investidores. "O país apresenta um protagonismo muito forte no pós-crise, com um dos dez maiores PIBs do mundo e uma série de projetos produtivos no horizonte", diz.

"O que interessa é direcionar o IED para grandes projetos de infraestrutura, logística e para a consolidação de uma 'nova' indústria", afirma o economista da PUC-SP. Para que a liderança brasileira em estoque de capital estrangeiro se configure em desenvolvimento econômico, diz, é importante plantar as bases de um parque industrial voltado para as demandas do século XXI. Segundo Lacerda, a "nova" indústria está concentrada em fábricas de biotecnologia, semicondutores, telecomunicações e informática, química e na produção de bens de capital. "Essa perspectiva de investimentos estrangeiros ainda mais elevados justificaria uma transição para uma economia menos suscetível às oscilações de preços de commodities e com empregos mais qualificados", afirma.