Estimativa aponta alta de 15,9% na área de plantio do amendoim
Estimativa da Conab aponta aumento de 15,9% na área de plantio do amendoim no País e produção de 700,5 mil toneladas; Estado de São Paulo representa 90% de toda a produção brasileira de amendoim
Diário da RegiãoProdutores de amendoim estão investindo mais no plantio da cultura na região do Noroeste Paulista, na safra 2021-2022. Em muitas destas áreas, se destacam os plantios do amendoim, que fazem rotação com a reforma dos canaviais, o que tem resultado no crescimento da cultura em regiões das cidades paulistas, onde a cana-de-açúcar predomina. Na previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o estado paulista, o aumento é de 14,4% na área plantada e estabilidade na produtividade do amendoim, na comparação com a temporada anterior.
Segundo o presidente da Câmara Setorial do Amendoim, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Luiz Antônio Vizeu, 80% das áreas plantadas com amendoim, por produtores paulistas, estão em áreas de reformas dos canaviais.
“A cana-de-açúcar deve ter em torno de 1 milhão de hectares anuais, que passam por reforma do canavial e se encaixa muito bem com os plantios de amendoim, que somam aproximadamente 200 mil hectares no Estado”, afirma.
Vizeu acredita que ainda há muita área, em canaviais, para os produtores investirem na cultura do amendoim, que vem crescendo, em média, 10% a cada ano, no estado de São Paulo.
Ele explica que após o quinto ano de corte da cana, os produtores são orientados a reformar o canavial por problemas de doenças no solo. E o amendoim, uma cultura rica em nitrogênio, fortalece o solo com esse nutriente e outros por meio da palhada, beneficiando a cana-de-açúcar.
“A demanda pelo amendoim vem crescendo, estimulada também pela exportação do produto, com média de aumento entre 4% e 5% ao ano. No ano passado, por problemas de logística, com os contêineres, impactou a exportação. Mas ainda assim, o crescimento com o produto representou aumento de 25%, se comparado com a safra anterior.”
Vizeu avalia ainda que a perspectiva da safra de amendoim, de 700,5 mil toneladas estimadas pela Conab (17,4% maior que a safra anterior), no País, deve atrair mais produtores interessados no plantio de amendoim, neste ano. “Avaliamos ainda, no estado de São Paulo, uma expectativa de 30 mil hectares a mais de área para o plantio de amendoim em 2022”.
Em 2021, o estado paulista produziu 674 mil toneladas de amendoim em casca, em área de 173 mil hectares, de acordo com o Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta), sendo o maior produtor de amendoim do Brasil e responsável por 90% da produção nacional da leguminosa. Segundo Vizeu, 70% da produção do amendoim em casca, no País, são destinadas para a exportação, principalmente para países da União Europeia.
Mais incentivos
Para o presidente da Associação de Produtores Rurais de Amendoim de Novo Horizonte, Márcio Rogério Germiniani, falta mais incentivos financeiros para os agricultores que cultivam o amendoim. “Temos aqui 15 produtores que estão com muitas áreas em produção, que vêm, inclusive, sendo ampliadas. Mas ainda falta conseguirmos um financiamento para o nosso barracão (local para limpeza e secagem do produto). Com certeza, seria mais animador o produtor ter onde armazenar seu produto”.
Márcio acrescenta ainda que os produtores estão com dificuldades de negociar áreas de plantio com as usinas do setor sucroenergético. “Além do custo alto com o arrendamento de área, por parte das usinas, o produtor também não consegue a área e está buscando outras regiões do Estado para o plantio do amendoim.”
Programado para a próxima terça-feira, dia 15, o 13º Encontro de Produtores e Dia de Campo de Amendoim deve reunir 200 participantes, entre produtores, pesquisadores e convidados. O evento acontece na estação experimental da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), em Pindorama, e os produtores terão a oportunidade de conhecer os plantios de amendoim com cultivares, a partir de melhoramento genético.
Pesquisador do Instituto Agronômico (IAC-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Ignácio José Godoy vai apresentar aos participantes as sementes de amendoim com maior resistência às pragas e doenças. “O IAC e a Apta são referências em pesquisas, temos 15 experimentos importantes sobre o desenvolvimento da cultura do amendoim”, afirma o pesquisador.
No programa de melhoramento genético, explica Godoy, a pesquisa avalia as cultivares de amendoim com alta resistência para as principais doenças da cultura, que são a mancha preta e a ferrugem.
“Essas doenças não só causam perdas na produtividade, como afetam a qualidade do amendoim, pressionando ainda mais o custo para o produtor, que precisa aumentar as pulverizações com defensivos”. (CC)
A safra de amendoim para este ano, com algumas lavouras que iniciaram a colheita, deve garantir a rentabilidade para o produtor, mas as incertezas climáticas e de preços comercializados por saca ainda preocupam. No ano passado, a saca de amendoim (25 kg) estava sendo vendida a R$ 90, mas neste ano, a comercialização para os próximos contratos entre as distribuidoras ficou em R$ 70, em média.
A expectativa do produtor Lucas Penariol Agostinho, de José Bonifácio, é boa para a safra deste ano. Ele conta que teve dificuldades na estiagem, mas até o momento, com as chuvas, a plantação está se desenvolvendo bem. “Só o preço que não está tão atrativo como no ano passado.”
Lucas plantou 1,2 mil hectares, mas o que está pesando no fechamento das contas é o custo com a produção. “A média de R$ 20 mil por hectare plantado se tornou inviável para uma saca que será comercializada a R$ 75.”
A alta dos insumos, outro desafio para os produtores, impactou ainda mais o custo de produção. O produtor e engenheiro agrônomo Leandro Luis Rangel, de Novo Horizonte, diz que encontrou dificuldades em áreas disponíveis para o plantio do amendoim na região. “Estou com plantios em outras áreas, hoje em torno de 500 hectares.”
Conforme Leandro, no ano passado os preços da saca estavam mais interessantes, o que também impacta na competitividade no mercado externo. É uma briga difícil com a Argentina, por exemplo, que tem uma produção bem maior da cultura dentre os países da América Latina.