Estados aperfeiçoam programas para iniciantes
Valor EconômicoO investimento público em startups no Brasil ainda é baixo: não chegou a 20% dos R$ 170,8 milhões registrados no primeiro semestre de 2015, segundo levantamento da consultoria Fundacity. Vários Estados, porém, vêm ampliando e aperfeiçoando seus programas de fomento a essas empresas com objetivo de alavancar a vocação tecnológica em suas regiões.
Em São Paulo, por exemplo, embora o difícil cenário macroeconômico de 2015 tenha levado a uma queda de 23% nos desembolsos do programa Desenvolve SP para pequenas e médias empresas convencionais, os financiamentos direcionados a negócios inovadores cresceram cinco vezes no mesmo período, alcançando R$ 23 milhões. "Crises são momentos em que a demanda por soluções inovadoras aumenta. Por isso é que aumentaram os financiamentos para empresas de áreas como tecnologia de informação, comunicação, biologia e tratamento de resíduos sólidos", avalia o presidente da Desenvolve SP, Milton Luiz de Melo Santos.
A Desenvolve SP disponibiliza quatro linhas de financiamento para valores até R$ 30 milhões e cobra juros de zero até 0,7 % ao mês conforme o perfil da startup. A carência é de até 24 meses para o início dos pagamentos e prazo total pode chegar a 10 anos. Os resultados dos investimentos, segundo ele, têm sido compensadores.
Santos o caso da Ventrix, que tomou empréstimo de R$ 5 milhões para colocar no mercado um sistema que reduz custos e tempo na realização de exames cardiológicos e na emissão de laudos pela internet. Além das linhas de financiamento, no ano passado a Desenvolve SP destinou R$ 11,3 milhões em cinco Fundos de Investimento em Participação (FIP's) que apoiam startups e cujo patrimônio alcança R$ 530 milhões.
No Rio de Janeiro, o investimento em startups é feito a fundo perdido e encarado como uma alternativa para diversificar a economia do Estado. "É uma determinação do governador que encontremos caminhos que nos levem além dos negócios relacionados com petróleo", diz o secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Gustavo Tutuca.
Iniciado em 2013, o Startup Rio está em sua segunda rodada, sendo que em cada uma delas foram desembolsados R$ 5 milhões por meio de edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Cada projeto recebe até R$ 100 mil.
Depois da primeira edição, novas regras foram adotadas. Agora os empreendedores precisam passar pelo menos três meses em treinamento. "Precisávamos nivelar os empreendedores. Havia gente muito qualificada e outros nem tanto. Só depois desses três meses é que os projetos estão aptos para receber o valor solicitado."
Para o empreendedor Nilo Felix, que participou da primeira rodada, as palestras, mentorias e a troca de experiências no espaço de co-working oferecido pela Startup Rio foram fundamentais para emplacar no mercado sua startup Vizubox, uma plataforma de transmissão ao vivo de imagens de locais de lazer e turismo no Brasil.
Se o Rio quer ir além do petróleo, Minas Gerais quer avançar para lá da mineração e da agricultura, conforme diz Miguel Corrêa, secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais. Conduzido pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sects) com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), o programa SEED está em sua terceira rodada e soma investimentos de R$ 15 milhões.
Nas duas primeiras edições acelerou 73 startups sendo 53 brasileiras e 20 estrangeiras. Cada projeto pode receber até R$ 80 mil. Segundo Silvana Braga, diretora geral do SEED, o programa acaba de ser reformulado para facilitar o custeio dos negócios.
Antes, exigia-se dos empreendedores uma contrapartida de 10% dos recursos aplicados, valor que caiu para 5% em 2016. Outra novidade é que os recursos antes liberados por sistema de reembolso agora são concedidos por antecipação. Até março de 2015, as empresas que passaram pelo programa haviam captado juntas mais de R$ 10 milhões em investimentos e criado 150 empregos. "O total de receita estimado pelas startups aceleradas em 2015 foi de cerca de R$ 25 milhões", diz Silvana.
No Rio Grande do Sul o apoio a negócios inovadores acontece desde 2014 com o programa StartupRS, coordenado pelo Sebrae, com investimentos de R$ 400 mil ao ano. Atualmente em sua terceira rodada o programa seleciona a cada edição 15 empreendedores que durante seis meses participam de workshops, mentorias com profissionais do mercado e palestras.
Ao final do treinamento, cada uma apresenta seu modelo de negócio para uma banca examinadora. "Na primeira rodada, o empreendedor com nota mais alta participou de uma missão no Vale do Silício. Na segunda rodada a missão aconteceu em Portugal e Inglaterra e o mesmo valerá para a terceira", diz Débora Chagas, técnica setorial da Indústria do Sebrae/RS.