03/02/11 14h24

Esquenta negociação para leilão do trem-bala

O Estado S. Paulo

A pouco mais de dois meses da entrega das propostas para o trem-bala entre Campinas, São Paulo e Rio, as negociações voltam a esquentar entre as empresas. Embora não seja certeza de que vão participar da disputa, as construtoras estão fazendo todos os estudos para analisar a viabilidade do projeto, de R$ 33 bilhões (US$ 19,4 bilhões). Além disso, várias conversas foram iniciadas com possíveis parceiros, nacionais e estrangeiros.

"Todo mundo está procurando todo mundo", afirmou uma fonte que estuda o empreendimento. Os contatos mais recorrentes têm sido com os fabricantes de equipamentos existentes no mundo, como franceses, espanhóis e canadenses, que vão transferir a tecnologia para o Brasil. Mas também tem havido conversas com empresas que estavam fora do processo do Trem de Alta Velocidade (TAV) até o ano passado.

O grupo de 16 companhias lideradas pela Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop), por exemplo, está em contato com a chinesa CCCC (China Communications Construction Company). A conversa está sendo intermediada pelo embaixador da China no Brasil, Qiu Xiaoqi. A CCCC é dona de uma empresa que participa de consórcios no Brasil na dragagem dos portos - um deles o de Santos. Além desses contatos, o presidente da Apeop, Luciano Amadio, conta que tem uma reunião marcada dia 9 no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para falar sobre as condições de financiamento do projeto.

Em seguida, o executivo pretende falar com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) - ainda sem audiência marcada. Ele explica que, ao contrário da primeira data para entrega das propostas, hoje já é possível conhecer os principais problemas do trem-bala, como alguns erros no trajeto. Além disso, o grupo já tem alguns orçamentos. "Com esses primeiros dados em mão, vejo que precisa haver algumas alterações no projeto." Essa também era a reivindicação das grandes construtoras, que até o ano passado não estavam muito interessadas no TAV. "Hoje a situação mudou. As construtoras estão mais interessadas, comparadas ao segundo semestre do ano passado. Mas ainda não dá para garantir que elas vão participar", diz uma fonte.

Por enquanto, o único grupo a se manter firme na disputa é o consórcio coreano, que já tem todos os estudos e estratégias prontos. Há até empresas fabricantes de equipamentos (a Hyundai Rotem) procurando áreas no Brasil para instalar uma fábrica de trens de alta velocidade caso o consórcio saia vencedor da disputa no dia 29 de abril - a entrega das propostas será no dia 11 e o leilão, dia 29.

Nos bastidores, porém, a informação que circula é que o governo não estaria muito satisfeito com a participação de apenas um grupo no leilão e já estaria se mobilizando para criar um consórcio para entrar na disputa, a exemplo do que ocorreu com a Hidrelétrica de Belo Monte. Há também rumores de que algumas das maiores construtoras do País estariam em conversas para fazer uma parceria.