Escola Politécnica desenvolve primeiro simulador de trem em realidade virtual do Brasil
Diversos laboratórios da Poli colaboraram para desenvolver um programa de treinamento seguro de maquinistas, conforme explica Roberto Spinola
Jornal da USPSendo o Brasil um país de dimensões continentais, as ferrovias são o meio de transporte mais eficiente para escoamento da produção interiorana, e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) já divulga projetos para a construção de sete outras ferrovias. Segundo dados da Agência Nacional dos Transportadores Ferroviários, já são mais de 30 mil quilômetros de ferrovias espalhados pelo País.
Pensando na importância cada vez maior das locomotivas para a dinâmica econômica brasileira, o Laboratório de Dinâmica e Simulação Veicular, em conjunto com o Laboratório de Automação e Controle e o Tanque de Provas Numérico, desenvolveu o primeiro simulador de trem em realidade virtual do Brasil. Roberto Spinola, professor de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da USP, encabeçou o projeto e dá detalhes.
Simulação precisa
O professor conta que o simulador é um sistema responsivo que calcula a posição e a velocidade da locomotiva: “Temos uma tela de LCD de grande extensão que simula a parte da visualização, e temos um console onde os comandos que ele realizaria na locomotiva são replicados para dentro do computador. O computador faz os cálculos da simulação da movimentação dos sistemas e produz o som e a imagem compatíveis com a posição no instante”.
Para simular com precisão, o simulador utiliza dados georreferenciados com imagens de satélite. Spinola explica melhor: “A dinâmica do trem é calculada e a variação da posição é reprocessada com base em imagens de satélite que reproduzem o relevo topográfico da posição em que ele se encontra”.
Formar novos maquinistas
Segundo dados da ANTT, entre 2006 a 2013 foram registrados 8,7 mil acidentes envolvendo ferrovias, dos quais 9,2% foram causados por falha humana. Desenvolver um software de treinamento de maquinistas significa tornar o meio de transporte mais eficiente e reduzir o número de interrupções, que já é mais baixo do que as registradas em rodovias.
Roberto Spinola explica que o programa consegue simular a condução nas mais diversas condições: “O maquinista pode operar o trem de dia, pode operar o trem à noite. Podemos simular dificuldades ao maquinista, como, por exemplo, em um cruzamento, onde pode ter um veículo atravessando a via. E aí, obviamente, ele tem que tocar a buzina”.
O sistema então calcula os erros e acertos de condução do maquinista para dar ao final uma pontuação, que decresce com o número de falhas: “Tudo isso é verificado automaticamente para ele [o maquinista em treinamento] receber uma pontuação com base nas regras que lhe foram passadas. Nós criamos um banco de dados de informação e normas e um sistema quantificado de avaliação”.