14/09/10 17h07

Ericsson pretende dobrar produção

Valor Econômico – 14/09/10

A Ericsson optou por ir contra a tendência de terceirizar - ao menos parte da produção usual entre fabricantes de equipamentos das áreas eletro-eletrônica e de telecomunicações - e voltou aos tempos de montar praticamente tudo que vende na fábrica de São José dos Campos. A companhia está investindo US$ 5 milhões para dobrar sua produção. "Estamos colocando desde os componentes nas placas, seguindo todo o processo, até a montagem total. Não é assemblagem (montagem), é produção. Realizamos um sonho", disse o presidente da companhia para Brasil e América Latina, Sergio Quiroga. A estratégia se adequa ao perfil da companhia em âmbito mundial, que começou a ser implantado em abril, quando a matriz na Suécia dividiu o comando da companhia presente em 127 países por áreas geográficas. O Brasil passou a ser a sede da unidade latino-americana, e a fábrica, que existe desde 1955, tornou-se "prime delivery (o centro de produção) para o Brasil e nove países vizinhos", explicou Quiroga. O executivo está otimista e diz que, independentemente da ousadia asiática no setor, oferece preços muito baixos, "todos os concorrentes são um desafio, nosso objetivo é ganhar participação de mercado aqui e no mundo."

O que vai impulsionar o mercado, segundo Quiroga, é o "crescimento explosivo" do setor aqui e no exterior, a partir de uma demanda acelerada de serviços de banda larga. Ele avalia que, no Brasil, o momento é favorável, com as operadoras de telecomunicações passando por reestruturações que ampliam a capacidade de investimento, além das oportunidades que estão surgindo. É o caso da expectativa em torno da liberação de frequências de 2,5 gigahertz para abrigar a quarta geração da telefonia celular.

Quiroga embarcou ontem para Londres, onde participará amanhã de seminário sobre países emergentes, promovido pela revista "The Economist". O Brasil será um dos destaques no evento. O executivo brasileiro falará sobre as perspectivas para a área de telecomunicações. O que pretende mostrar é que a partir da explosão de demanda de banda larga, o setor aumentará o perfil de participação no PIB aqui e lá fora. Quiroga diz que ao assumir, a orientação que recebeu da matriz foi de aumentar a participação latino-americana no bolo total da Ericsson. No ano passado, dos quase US$ 30 bilhões de faturamento, a região respondeu por 10% e a meta é atingir 14% em cinco ou seis anos. O Brasil responde por 40% da receita regional.