Epson reforça foco no segmento empresarial
valor econômicoConhecida pelos produtos vendidos aos consumidores, a japonesa Epson está investindo US$ 3 milhões para reforçar sua atuação no mercado empresarial do Brasil. A companhia atua nessa área com impressoras de grandes formatos, usadas por gráficas e pela indústria têxtil.
Com os novos recursos, que começaram a ser aplicados há cerca de um ano, a companhia passará a disputar o mercado de terceirização de impressão. Nesse modelo, empresas contratam outras para instalar e administrar impressoras em seus escritórios. Por esse serviço, as empresas pagam mensalidades sobre os equipamentos e sistemas usados e também pela quantidade de páginas impressas.
Atualmente, o valor fica em torno de R$ 0,01 por página preto e branco e R$ 0,09 pela colorida. Segundo Fernando Stinchi, diretor-presidente da Epson, a companhia terá uma estratégia agressiva no segmento de impressão colorida. A ideia é cobrar R$ 0,04 por página. "Hoje, 90% do mercado é preto e branco por causa do custo mais alto. A estratégia é ampliar o uso da impressão colorida", disse o executivo ao Valor.
O mercado de terceirização de impressão é disputado por pequenas empresas que prestam serviços com equipamentos de grandes marcas, como HP, Xerox, Ricoh e Oki Data. Segundo a NDDigital, que desenvolve softwares para empresas que fazem serviços de terceirização, há pelo menos 800 empresas de pequeno e médio porte que trabalham com esses grandes fabricantes. Ano passado, a Samsung comprou a maior empresa do setor, a Simpress.
Para Diego Silva, analista da empresa de pesquisa IDC, a proposta de baixo custo da Epson faz sentindo no momento em que clientes estão procurando fornecedores para renegociar contratos. Segundo ele, foram vendidas 359 mil impressoras no Brasil no primeiro trimestre, uma queda de 40% na comparação com o mesmo período do ano passado.
"É um momento oportuno para a chegada de uma nova empresa, para dar opção aos pequenos, que muitas vezes não conseguem negociar com as grandes marcas", disse Anderson Locatelli, diretor de mercado da NDDigital. A companhia trabalhou com a Epson nas últimas semanas para desenvolver sistemas de gerenciamento para suas impressoras. Além do Brasil, o executivo diz ter boas perspectivas de trabalhar com a Epson em outros países da região das Américas onde a NDDigital também está entrando no setor de terceirização.
A expansão para esse segmento começou há dois anos. Hoje, 35 mil equipamentos da marca estão instalados em empresas ao redor do mundo. O foco nos negócios com empresas (B2B) tem sido uma estratégia comum entre companhias de tecnologia japonesas nos últimos anos. A ideia é investir em um segmento mais estável em termos de demanda e com menos oscilações de gostos e preferências. Panasonic, Sharp, Toshiba e Fuji, que se tornaram conhecidas pelos produtos vendidos no varejo, são alguns dos nomes que passaram a dar mais atenção ao B2B.
Segundo Stinchi, na Epson, o investimento nesse segmento não significa que a empresa esteja deixando de lado o mercado de consumidores. "O balanço entre as duas áreas é que faz a riqueza da operação", diz.