Entrevistas fDi Intelligence: “Sustentabilidade será fator chave para diferenciar São Paulo”

Wilson Mello e José Pedro Fittipaldi da InvestSP falam sobre os esforços para promover projetos verdes no Estado de SP

A InvestSP, a Agência de Promoção de Investimentos do Estado de São Paulo, trabalhou para aprimorar um modelo de investimento que coloca a sustentabilidade no seu cerne, e com isso busca se diferenciar do governo federal que tem sido criticado por sua postura descuidada em relação ao meio ambiente e questões sociais. O presidente da agência, Wilson Mello (WM) e o gerente ambiental, José Pedro Fittipaldi (JPF) dividem algumas perspectivas sobre as atuais e futuras estratégias da organização.

Como a InvestSP incorporou a sustentabilidade ambiental na sua estrutura?

WM: Na InvestSP temos uma área dedicada exclusivamente a assuntos ambientais. O José Pedro Fittipaldi é o nosso gerente geral dessa para essa área específica, um cargo criado em janeiro de 2019. Nós podemos analisar cada projeto através do prisma da sustentabilidade ambiental. O José Pedro é responsável não só por ser um consultor para os investidores explicando como o Estado de São Paulo funciona em relação à sustentabilidade, mas também auxilia as empresas a adaptar seus projetos para serem mais sustentáveis. O Estado de São Paulo tem sua própria política em termos de proteção ambiental, e sempre tentamos convencer os governo federal de que esse tema é importante. 

Que tipo de projetos de economia verde vocês estão priorizando?

WM: Estamos buscando por coisas como projetos de energia solar e combustíveis verdes, entre outras coisas. No momento, temos um portfolio ativo de 38 projetos de economia verde que valem US $ 2,8 bilhões e podem criar 8.500 novos empregos. Essa aposta em projetos de economia verde não é sobre imagem e reputação, estamos apostando na economia do futuro. A economia está mudando e após a pandemia mudará ainda mais. Temos que estar preparados para o que está por vir. Uma das iniciativas que realizamos na InvestSP, em total cooperação com a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, é o chamado Acordo São Paulo, no qual estamos reunindo empresas com bons projetos e boas práticas de sustentabilidade.

JPF: Nós percebemos que as empresas estavam fazendo muitas coisas na sua agenda de sustentabilidade, mas muito disso não estava sendo visto. Temos líderes mundiais em sustentabilidade aqui, empresas transnacionais implementando políticas internacionais. Estamos criando uma estrutura de compartilhamento de melhores práticas, assim as empresas podem ajudar umas às outras no desenvolvimento das suas próprias práticas, também levando em conta padrões internacionais referentes a coisas como monitoramento de emissões, relações com stakeholder e associações de comércio. Esperamos, com isso, ter mais companhias fazendo seus inventários, mais companhias publicando seus dados de emissões e atuando para reduzir suas emissões de CO2.

WM: Apenas para dar um número, 105 empresas e entidades assinaram esse acordo, incluindo companhias multinacionais como Unilever, Danone e Nestlé. Estamos juntos neste esforço de diferençar São Paulo do resto do Brasil no tema da sustentabilidade, ou pelo menos mostrar nossa diferença com relação ao governo federal.

Qual é a sua visão da economia pós-Covid?

WM: Minha preocupação é que depois da pandemia o investidor estará ávido por encontrar bons projetos enquanto as autoridades locais precisarão de novos recursos. A competição por investimento de capital será enorme. Temos que estar prontos para nos diferenciar para que conseguir este dinheiro. Nossa abordagem da sustentabilidade ambiental será um fator chave para diferenciar São Paulo do resto do Brasil ou outros países. Nessa perspectiva, temos que estar prontos com bons projetos, boa regulação e boas bases econômicas.

Como vocês estão apoiando sua base de investidores nesse cenário de mercado?

WM: Esse “novo normal” mudará tudo, e estamos adaptando nosso plano estratégico para essa nova realidade. Uma coisa que estamos fazendo é dar apoio para que as empresas entendam as atuais mudanças e se ajustem de acordo.

Nós também estamos tentando fazer isso com pequenos empresários, porque o futuro estará ligado aos pequenos empreendedores e startups. O Brasil irá encarar um grande problema com emprego, pessoas perdendo seus trabalhos, isso está acontecendo em todo lugar do mundo. Eles terão que encontrar uma alternativa, e uma das alternativas é abrir seu próprio negócio. Nós acreditamos que o Estado de São Paulo está preparado para o novo normal porque já somos uma nova fronteira para tecnologia e investimento tecnológico. Como InvestSP, nós temos um programa para fomentar negócios de startups.

Texto original: https://www.fdiintelligence.com/article/78860