19/04/10 11h33

Entidades financeiras do Japão querem oferecer linhas de crédito para parcerias

Valor Econômico

O que, no Brasil, é um temor, no Japão é expectativa: a grande demanda por financiamento de investimentos na infraestrutura brasileira pode superar, neste ano, os recursos disponíveis no BNDES. Quando isso acontecer, entidades financeiras do Japão esperam encontrar uma brecha para oferecer linhas de financiamento baratas a empresas brasileiras, em associação com japonesas. "A economia brasileira cresce muito rapidamente; o BNDES vai precisar de recursos adicionais na metade do ano" , acredita o representante em Nova York da Seguradora de Investimentos e Exportações do Japão (NEXI, da sigla em inglês), Ryo Minami.

"Nós podemos ajudar o BNDES; calculo que tenhamos entre US$ 700 milhões a US$ 800 milhões para 2010 no país", disse Minami ao Valor, ao fim das reuniões do segundo encontro do Comitê Conjunto de Promoção de Comércio e Investimentos Brasil-Japão. A NEXI, criada em 2001, facilita o acesso ao mercado de crédito de companhias japonesas ou estrangeiras associadas a japonesas. No Brasil, já é conhecida de grandes companhias, como a Vale, a quem ofereceu até US$ 2 bilhões em seguros no plano de investimentos da empresa, de US$ 59 bilhões entre 2008 e 2012.

Minami tem vindo ao Brasil, de Nova York, uma vez por mês, para divulgar, no escritório da Organização de Comércio Exterior do Japão (Jetro), em São Paulo, as facilidades da NEXI às firmas brasileiras. Segue um caminho trilhado pelo banco de apoio a exportações japonês, o JBIC, que elegeu o Brasil como prioridade. "Com US$ 9 bilhões em projetos o Brasil já é o principal país com operações do JBIC, 10% do total do banco" , diz o representante do JBIC no Brasil, Takahiro Hosojima.

Os japoneses se queixam, porém, de dificuldades no Brasil para execução de planos como, por exemplo, os que dependem de transferências de maquinário usado para instalações no país. O tema foi um dos pontos de discussão com a comissão Brasil-Japão. "Estamos avançando passo a passo; tenho certeza de que comércio e investimento entre Japão e Brasil vão subir", espera o diretor da divisão de Américas do ministério de Economia, Comércio e Indústria do Japão, Yasushi Akahoshi.

O país precisa enfrentar, porém, seus gargalos de infra-estrutura e as ameaças de aumento na tributação, avisam os japoneses, que também se queixaram do projeto da Receita Federal de aumento na tributação de insumos na importação de firmas estrangeiras por suas subsidiárias. A tributação prevista, de 35%, será um teto, discutido caso a caso, prometeram os técnicos da receita.