Entidades empresariais se mobilizam para que a inovação seja foco no País
PROTECInstituições e empresários estão se mobilizando para que a inovação se transforme na estratégia central dos negócios brasileiros, promovendo crescimento econômico sustentável no longo prazo.
"A inovação ainda é tratada como algo periférico no interior das empresas do País. Mas ela é central e é o motor que permite ganho de produtividade", disse o superintendente nacional do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Paulo Mol Júnior, no lançamento do Núcleo de Estadual de Inovação de São Paulo (NEI-SP), ontem na capital paulista. O IEL é um centro de aperfeiçoamento empresarial da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
"A demanda mais imediata das empresas é o fortalecimento de recursos humanos para inovação. Para isso, temos o projeto Inova Talento", diz Paulo. Ele explica que, diferentemente do que ocorre com as bolsas de universidades - onde o tema da pesquisa é orientado por um professor - o Inova Talento localiza as demandas de inovação do mercado e oferece bolsas para estudantes desenvolverem soluções para as empresas que aderem ao programa. O programa é voltado a jovens profissionais até três anos de formação universitária.
No debate, o gerente de inovação da empresa de tecnologia industrial Bosch do Brasil, Bruno Bragazza, relatou que o Inova Talentos tem sido responsável por uma boa parte dos processos de inovação da companhia. "Nós temos, atualmente, 439 pesquisadores na Bosch dos quais 81 são do Inova Talentos. Ou seja, 20% do nosso quadro de pesquisadores vieram do programa", diz.
"Muitos dos nossos projetos de inovação saíram da gaveta por causa do Inova Talentos. Os 81 pesquisadores do programa estão em 65 projetos de inovação. E, desses 65, 21 estão com pedidos de patente no Brasil", complementa ele.
O Inova Talentos tem trabalhos por todos os estados do País e, em 2017, o IEL irá ampliar o programa para outros países, por meio do Inova Global. "O Inova Global identificará quais são as demandas tecnológicas das empresas, bem como as competências e habilidades que elas precisam desenvolver nos seus colaboradores", conta Paulo em entrevista ao DCI.
Passada a primeira fase de identificação das demandas, o IEL faz um levantamento de universidades, laboratórios de pesquisa e centros de competitividade localizados em outros países que podem ajudar as companhias brasileiras a capacitarem seus funcionários ou pesquisadores. É a partir desse processo que as bolsas serão desenvolvidas e ofertadas. Depois que o bolsista voltar ao País, ele terá que aplicar a expertise que obteve no exterior na empresa que solicitou o projeto de pesquisa ou o programa de treinamento.
Financiamento
Paulo esclarece que para a realização do Inova Talentos e do Inova Global, o IEL conta parceria do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). As bolsas do Inova Talento eram financiadas com recursos públicos federais, no entanto, com a crise fiscal, as empresas assumiram esse orçamento neste ano. Cursos para o desenvolvimento do bolsista também são ofertados pelas companhias.
Durante o debate, a diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio, destacou que, além de atuar na formação de pessoas, a entidade busca construir junto com o poder público um ambiente favorável para que as empresas possam inovar. Para isso, a CNI tem se mobilizado para regulamentar o Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, sancionado em janeiro deste ano.
"A lei deste marco regulatório foi aprovada com alguns vetos que retira a isonomia de tratamento entre os institutos de pesquisa e as empresas. Um bolsista que trabalha em uma ICT [Instituição de Ciência e Tecnologia] de uma universidade, por exemplo, não paga contribuição previdenciária, ao passo que um bolsista que realiza o mesmo tipo de pesquisa em uma empresa, paga essa contribuição", diz Paulo.
A CNI também reivindica a isenção do Imposto de Importação (II) para equipamentos que sejam direcionados à pesquisa assim como ocorre nas instituições de ensino.
Durante o debate, a CNI concedeu prêmios aos melhores projetos do Inova Talentos. A empresa de cosméticos Natura teve destaque na premiação, ocupando os 1º, 5º, 6º e 7º lugares. A coordenadora de gestão da Natura, Luciana Hashiba, presente no evento, comentou que inovação e sustentabilidade caminham juntas e são vantagens competitivas para qualquer empresa.
Um Núcleo Estadual de Inovação de SP também foi lançado no evento. Este pretende conectar todos os agentes que atuam na inovação no estado, como empresas, agências de fomento e entidades.