12/02/25 13h47

Endividamento recua na capital paulista e atinge menor patamar desde agosto de 2021

Pesquisa da FecomercioSP aponta que cidade tem 2,74 milhões de lares endividados; inadimplência segue estável

FecomercioSP

Em janeiro, o endividamento das famílias foi o menor desde agosto de 2021, mas a inadimplência segue estável na capital paulista, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Atualmente, 2,74 milhões de lares estão endividados na cidade.

O porcentual caiu de 68,2%, em dezembro, para 62,7%, no mês passado, revelando uma diminuição, também, no comparativo anual, quando a taxa era de 69%. Dentre os tipos de dívida, o cartão de crédito permanece em destaque: 83,1% dos entrevistados têm dívidas na modalidade. Em seguida, estão o crédito pessoal (14%), o financiamento imobiliário (13%) e os carnês (11,8%).

A pesquisa também aponta que 18,1% estão considerando contrair crédito — ou financiamento — nos próximos três meses. Esse porcentual era mais elevado em novembro (quando atingiu o maior nível da série histórica, 21,2%). 

A redução observada agora é um reflexo da alta dos juros e da inflação dos alimentos, que têm desestimulado a aquisição desses contratos. Por outro lado, o estudo da FecomercioSP indica que o tempo médio de comprometimento com as dívidas aumentou para 7,6 meses. Essa subida se mostra uma tendência desde novembro, quando era de 7,3 e cresceu para 7,4, em dezembro.

O que também aumentou foi o porcentual da renda comprometida com dívidas. A taxa de 29,4%, no mês anterior, subiu para 29,8%. Embora ainda esteja em um nível saudável, essa elevação sugere as pessoas estão mais dependentes do crédito para a manutenção dos gastos mensais. Entre os que recebem abaixo de dez salários mínimos, o endividamento saiu de 68,2% para 67,2%. Já para os que ganham acima desse valor, houve recuo de 55,1% para 54,9%, no mesmo período (ambos estão abaixo do nível registrado em janeiro do ano passado).

Mais inadimplentes entre os que ganham menos

A PEIC de janeiro de 2025 revela que a inadimplência permanece na casa dos 19,6%. Apesar de o cenário não ter mudado em relação a dezembro (19,5%), o resultado representa uma leve melhora em comparação aos 21,8%, registrados no mesmo mês do ano passado. Em termos absolutos, praticamente 800 mil famílias estão inadimplentes (85 mil a menos quando comparado há um ano).

Contudo, os lares com renda inferior a dez salários mínimos estão mais inadimplentes do que aqueles que ganham mais: o porcentual subiu de 22,7% para 23,1% nesse grupo. Já entre as que recebem mais, houve recuo (de 11,5% para 10,9%). Esse movimento pode ser um reflexo da inflação dos alimentos sobre o orçamento doméstico, que atinge com maior força as classes menos favorecidas. Ainda de acordo com o levantamento, o grupo dos que afirmam que não conseguirão pagar as dívidas em atraso diminuiu em relação a janeiro de 2024, quando o porcentual era de 9,7%. Atualmente, 8,7% — 351 mil lares, em termos absolutos — não poderão quitar os compromissos, uma redução de 35 mil famílias em um ano.

Na avaliação da FecomercioSP, os juros e a inflação devem dificultar a manutenção das contas em dia, o que pode provocar um aumento da inadimplência em médio e longo prazos. O emprego, variável que tem sustentado a renda e evitado um descontrole maior, pode desaquecer com a desaceleração da economia e o crédito mais caro. Se isso ocorrer, manter a taxa de desemprego baixa pode não ser o suficiente para conter o aumento dessa inadimplência.

 

Fonte: https://www.fecomercio.com.br/noticia/endividamento-recua-na-capital-paulista-e-atinge-menor-patamar-desde-agosto-de-2021