Encontro discute aumento da produtividade dos canaviais
Produtores de cana-de-açúcar e setor sucroenergético discutem ações para elevar a produtividade dos canaviais e garantir práticas sustentáveis no manejo da cultura
Diário da RegiãoCom clima mais favorável para a safra de cana-de-açúcar deste ano, produtores e empresas do setor apostam na recuperação da produtividade dos canaviais. Após os últimos três anos, de muita estiagem e geada, a região Centro-Sul, principal polo produtor de cana-de-açúcar do País, tem melhores perspectivas na recuperação dos canaviais. Para esse cenário que também insere o Noroeste Paulista, produtores avaliam uma safra mais produtiva, com tecnologias que garantam a rentabilidade do setor, além de práticas sustentáveis no cultivo da cana-de-açúcar.
Em encontro que reuniu produtores e setor sucroenergético, em Rio Preto, no último dia 29, os participantes destacaram os objetivos de atingir patamares entre 80 e 90 toneladas de cana cultivada por hectare para a safra deste ano, número que ultrapassa a média entre 40 e 60 toneladas das últimas safras. Eles destacam ainda, o ganho de produtividade aliado às práticas sustentáveis no manejo do canavial, sustentabilidade que poderá gerar maior lucratividade para o produtor e para as empresas.
Na apresentação sobre as perspectivas de mercado, feitas por Geovane Consul, CEO da BP Bunge Bioenergia - empresa que reuniu os produtores do setor em Rio Preto - ele destacou que a produtividade dos canaviais das 11 unidades agroindustriais que estão presentes no estado de São Paulo e em outros estados do País, tem ganhado força para a produção de etanol, açúcar e bioenergia. “Temos notado canaviais mais produtivos e com condições de mais crescimento”, disse Geovane.
Estratégias
Na plantação dos canaviais do produtor Caio Junqueira Reis, as estratégias sustentáveis no manejo de 3,7 mil hectares de cana-de-açúcar vêm sendo adotadas há algum tempo, impulsionando o negócio. “A gente pensa em agricultura regenerativa, como a rotação de culturas que garante cobertura vegetal para o solo e agride menos o meio ambiente, além de usarmos os produtos biológicos em contraposição aos químicos. Ajuda muito na questão de sustentabilidade”, diz Caio.
Entre os assuntos discutidos durante o encontro, Caio destacou ainda que, como fornecedor de cana-de-açúcar para o grupo BP Bunge as práticas sustentáveis também resultam na geração de créditos de carbono (CBios) para a produção canavieira. “Quando usamos menos diesel nas operações do canavial e menos adubo químico, por exemplo, o retorno vem com estes créditos de descarbonização para o ambiente”, explica o produtor.
No debate sobre as práticas e perspectivas do mercado do setor sucroenergético, o diretor agrícola Rogério Bremm destacou que sustentabilidade e produtividade são metas entre a parceria da empresa com os produtores. “A redução de emissão de gás carbono também é outra meta entre os manejos com os fornecedores das usinas”, ressalta Bremm.
Produtores avaliam rentabilidade do setor
Para o produtor Osmair Guareschi, o ano de 2023 deverá trazer perspectivas muito positivas para o setor canavieiro. “A região Noroeste paulista é muito envolvida com a produção de cana-de-açúcar, que acredito atingir 50% de toda a produção agrícola regional. E para esta safra, com a estimativa de sairmos de uma produtividade de 75 toneladas para 100 toneladas de cana por hectare plantado, demonstra o potencial do setor”.
Em 11 mil hectares cultivados na região Noroeste, o clima seco impactou a produtividade do canavial nas últimas safras. Porém, para a safra 2023-2024, Guareschi projeta um ganho de 10% a mais na produção em comparação com a safra passada.
Durante o encontro de produtores em Rio Preto, Guareschi que também comercializa a cana-de-açúcar para a usina Moema (uma das 11 unidades do grupo BP Bunge), pontuou a importância das práticas sustentáveis ao avaliar que, além da lucratividade, a sustentabilidade impulsiona a proteção do meio ambiente.
Outro participante da reunião, Victor Campanelli destacou a parceria com a usina e iniciativas que fortalecem os vínculos com os produtores. Em suas áreas de produção, de 22 mil hectares de cana-de-açúcar, sempre houve o foco na agricultura sustentável. “Há 14 anos fazemos manejos que não degradam o solo, mantendo a produção e a rentabilidade com as plantações”.
Victor diz ainda que importante incentivo ao produtor, o crédito de carbono vem sendo compartilhado pela empresa. “É uma renda adicional e que faz parte do negócio. É importante para o produtor e para a usina, todos ganham”, pontua. (CC)
Agricultura sustentável
Com quatro usinas do setor sucroenergético na região Noroeste paulista, o grupo Cofco International divulgou o relatório de sustentabilidade da empresa em 2022, destacando as prioridades sobre as práticas com manejo sustentável, como a prevenção ao desmatamento e o combate às mudanças climáticas.
“Continuamos comprometidos em fazer nossa parte para acelerar a transição para uma agricultura mais sustentável, enquanto nos esforçamos para alimentar o mundo com responsabilidade”, avaliou David Dong, CEO da Cofco International.
Ainda sobre os manejos sustentáveis das agroindústrias, em 2022, o relatório apresentou a redução de 20% nas emissões que de gases de efeito estufa em relação a 2021.
Pesquisas
Em outro encontro sobre o assunto, que aconteceu dia 30, em Piracicaba, o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) reuniu produtores para conhecer as pesquisas e as novas tecnologias que estão sendo desenvolvidas para o setor da cana-de-açúcar. Entre os objetivos com os estudos, o CTC avalia aumentar a produtividade média da cana-de-açúcar e garantir mais sustentabilidade para o setor sucroalcooleiro.
Segundo projeções do CTC, até 2040, as novas tecnologias a serem disponibilizadas pela ciência da cana brasileira podem elevar a produtividade média do setor em 33%, passando de 75 toneladas por hectare para 100 toneladas por hectare. (CC)