15/08/10 13h57

Encomendas de fim de ano indicam consumo recorde de US$ 56 bi no Natal

O Estado de S. Paulo – 15/08/10

Os brasileiros devem gastar R$ 98 bilhões (US$ 56 bilhões) neste Natal. É a maior cifra registrada em dezembro e R$ 5,2 bilhões (US$ 3 bilhões) a mais do que foi desembolsado em 2009, segundo projeções da consultoria MB Associados. Para atender ao aumento de vendas, indústrias que usam insumos importados e redes varejistas que também se abastecem no exterior ampliaram em até 60% as encomendas desses itens em relação a 2009. Aumento da renda, do emprego formal e do crédito sustentam o otimismo da indústria e do comércio em relação ao consumo de fim de ano. "Como a política monetária não será tão contracionista, teremos crescimento importante do varejo no fim do ano", afirma Sergio Vale, economista chefe da MB Associados.

Ele fez os cálculos a pedido do Estado e considerou o crescimento real das vendas do varejo ampliado, que inclui, além de roupas, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, veículos, motos, partes e peças e materiais de construção. O crescimento é real e desconta a inflação projetada para o período. Vale ponderar que, como o Natal de 2009 foi muito bom e, portanto, a base de comparação é forte, a taxa de crescimento projetada para dezembro deste ano é menor (5,5%) que a registrada no ano passado (14%).

Em 2009 o quadro era exatamente o oposto, porque dezembro de 2008 foi o Natal da crise e a base de comparação era muito fraca. Segundo o economista, apesar da política monetária limitar o crescimento no curto prazo, a perspectiva positiva de longo prazo deve estimular as compras do consumidor que está com menos receio de perder o emprego e, portanto, mais propenso a comprar a prazo. Os pedidos das redes varejistas para o Natal começam a chegar aos fabricantes nacionais só a partir do mês que vem. Mas, por questões de logística e prazos, a indústria e o comércio já fecharam as compras de matérias-primas e itens importados.

Os clientes da Sertrading, uma das grandes empresas de comércio exterior, ampliaram, por exemplo, entre 60% e 70% as compras de bens de consumo e matérias-primas importadas para o período setembro a dezembro em relação ao último quadrimestre de 2009. No Natal de 2009, as importações desses itens tinham crescido entre 20% e 25%. A Comexport, maior importadora de produtos têxteis, é outra trading que confirma a expectativa do comércio e da indústria de crescimento robusto para o Natal. Entre tecidos e confecções, as importações para este fim de ano cresceram 20% em volume. Basílio Jafet, diretor da companhia, acrescenta outro indicador que ratifica o cenário favorável da atividade. "As compras de matérias-primas petroquímicas usadas em embalagens plásticas são 20% maiores em volume na comparação com 2009", diz o executivo. Ele ressalta que esse é um bom indicador antecedente do movimento do varejo.