29/09/10 13h40

Empresas vão investir R$ 27 bi em usinas

Folha de S. Paulo – 29/09/10

Grandes consumidores e autoprodutores de energia, como Vale, CSN, Gerdau, Votorantim, Alcoa e Camargo Corrêa, vão investir, juntos, R$ 27,3 bilhões (US$ 15,6 bilhões) na construção de usinas até 2020. O aporte é necessário para fazer frente ao avanço estimado de 66% no consumo das indústrias eletrointensivas - em que a energia representa de 30% a 35% do custo final dos itens fabricados ou extraídos por mineradoras e siderúrgicas, por exemplo.

Essas companhias têm de construir usinas com capacidade total de geração de 6.033 MW - potência pouco inferior à das duas hidrelétricas do rio Madeira (Santo Antonio e Jirau) - para suportar seus planos de expansão. Os dados estão em pesquisa inédita da Abiape (Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia) obtida pela Folha.

Para se manterem competitivas e com custos sob controle, as empresas têm de produzir, ao menos, 65% da energia que consomem, aponta o estudo. Hoje, a autoprodução corresponde a 50% da demanda por energia dessas companhias. Segundo Mario Menel, presidente da Abiape, só com o volume de investimentos previsto no estudo elas vão alcançar a meta e conseguir se manter competitivas no cenário global.

O executivo diz que as empresas não sofrem restrição de capital para investir. Isso porque deixaram de alocar recursos na área de energia desde 2003 em razão da carência de projetos de novas usinas e da imposição de regras que dificultaram a participação de autoprodutores nos leilões do governo. Menel avalia, porém, que a situação "virou" a partir do leilão de Belo Monte, neste ano, quando foi estabelecida a meta de 10% de participação de autoprodutores nos consórcios que disputaram a concessão da usina.

"Achamos que essa premissa vai ser mantida, e os autoprodutores vão ter uma fatia assegurada nos grandes projetos de geração de energia que serão licitados no rio Tapajós [cinco usinas, com potência de 10.600 MW]." Segundo Menel, os autoprodutores se beneficiam do atual ciclo favorável de preço das commodities (como aço e minério), mas precisam ter a garantia de fornecimento de energia a um "custo compatível" para planejar investimentos no aumento de produção no longo prazo.