19/08/09 10h59

Empresas projetam recuperação mais forte até dezembro

Valor Econômico

As empresas brasileiras veem com mais otimismo as perspectivas para o segundo semestre, especialmente por conta do panorama positivo para o mercado interno, impulsionado pela melhora do crédito e por medidas como a oferta de linhas de financiamento atraentes oferecidas pelo BNDES. Há também a expectativa de alguma melhora da demanda externa, mas as incertezas quanto ao ritmo de recuperação dos EUA tornam o quadro internacional mais incerto.

O presidente da fabricante de ônibus Marcopolo, José Rubens de la Rosa, disse que o mercado interno segue num ritmo de "melhoras sucessivas". "O Brasil avança progressivamente, e nós temos expectativas positivas", afirmou ele, destacando a importância do crédito e do incentivo do BNDES, "que está trabalhando forte na redução das taxas e no alongamento de prazos". Esses dois fatores, segundo ele, fizeram com que "o mercado interno fosse praticamente semelhante ao do ano passado". De la Rosa espera fechar 2009 com uma produção global de 23 mil ônibus, alta de 10% em relação aos números de 2008, em grande parte pela produção feita na Índia.

O presidente do conselho da Weg, Decio Silva, comemorou o fato de que as coisas "pararam de piorar", acreditando que a iniciativa do BNDES de oferecer linhas de crédito para o investimento a taxas baixas deverá dar um gás ao setor de bens de capital, um dos mais castigados pela crise. A Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR) também aposta num segundo semestre melhor que o primeiro, segundo o presidente da empresa, Renato Vale. O tráfego nas rodovias em que a companhia opera se manteve estável no primeiro semestre, com queda de 3% a 4% do transporte de carga e uma alta de igual magnitude do fluxo de automóveis de passageiros.

Fábio Barbosa, diretor-financeiro da Vale do Rio Doce, acredita que o segundo semestre tende a ser mais forte que o primeiro. Segundo ele, há claros sinais de melhoria nas economias desenvolvidas, o que ajuda no impulso dado à economia global pela China. Barbosa enfatizou o papel da demanda chinesa pelo minério de ferro, observando que o pacote do governo de estímulo à infraestrutura tem dado resultados, mantendo elevado o ritmo de expansão da construção de habitações e escritórios.

O vice-presidente e principal executivo para a América do Norte e o Mercosul da Teksid, Vilmar Faristol, tem uma visão menos otimista que os outros executivos. A fatia da Teksid destinada à exportação, normalmente na casa de 30%, está neste ano abaixo de 10%. "Essa parcela exportada dificilmente se recupera a curto prazo", disse Faristol, que tem os EUA e a Europa como principais mercados.