Empresas preveem retomar investimentos, diz pesquisa
Exame AbrilPara dois terços das empresas, o cenário pós-impeachment e a agenda econômica proposta pelo novo governo devem atrair investimentos e acordos comerciais para o País já no curto prazo, segundo levantamento da Câmara Americana de Comércio (Amcham).
A pesquisa ouviu 160 executivos de empresas de vários portes e segmentos, durante o seminário "Produtividade Brasileira", promovido pela entidade em São Paulo. "A pesquisa apontou que 35% dos empresários presentes pretendiam retomar investimentos ainda este ano, até dezembro", afirma Deborah Vieitas, diretora executiva da Amcham Brasil. Já 26% acreditam em aportes financeiros no primeiro trimestre de 2017.
"Há setores econômicos que têm um ciclo de preparação para a retomada do crescimento mais longo do que outros", diz Deborah. "O que a gente sentiu é que o ambiente está muito mais favorável para que essas empresas considerem recomeçar essa preparação para investir." Entre os empresários consultados, 20% informaram não planejar o aporte de novos recursos e novas linhas de negócio no curto e médio prazos e 19% não declararam suas perspectivas.
Segundo a entidade, o empresariado está otimista com a agenda econômica proposta por Michel Temer. "Se o governo for capaz de implementar esse plano de trabalho, que passa pela aprovação da PEC dos gastos públicos, reforma previdenciária, programa de concessões e flexibilização da legislação trabalhista, 84% acreditam na retomada do crescimento", diz Deborah.
Depois da aprovação da emenda constitucional que prevê um teto para os gastos públicos, 38% dos consultados avaliam que o próximo foco do governo Temer deve ser a reforma tributária. "Um dos palestrantes que esteve conosco, do Centro de Cidadania Fiscal, mostrou uma estatística de que o Brasil poderia crescer até 15% a mais nos próximos 20 anos se enfrentássemos a complexidade da questão tributária", diz a diretora da Amcham Brasil. Outras prioridades listadas na pesquisa foram: reforma política e previdenciária, com 23% dos votos cada, e reforma trabalhista, citada por 18% do empresariado.
Sobre o plano de concessões, para 64%, o sucesso do programa vai depender da velocidade na recuperação da imagem e credibilidade do País, inclusive no cenário externo.
Outra pauta mencionada foi a abertura da economia por meio de novos acordos comerciais, citada como prioridade política máxima por 58% dos consultados. Outros avanços para contornar os gargalos e aumentar a produtividade foram qualificação de mão de obra (16%), inovação (15%) e fortalecimento das agências reguladoras (10%).