02/04/13 10h45

Empresas de Jundiaí são referência em pesquisas

Jornal de Jundiaí

Enquanto investimentos públicos não chegam para a criação de centros de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na Região, o polo industrial de Jundiaí adianta atividades e trilha caminhos de referência na área. Força deste perfil que evolui entre empresas privadas é o número crescente de depósitos de patentes (aplicadas no País e no mundo) oriundos de ideias e projetos desenvolvidos aqui. A Mahle Metal Leve S.A., por exemplo, do ramo automotivo, tem o seu segundo maior centro de pesquisas sediado em Jundiaí. Dos 100 depósitos de patentes feitos no Brasil no ano passado, a empresa foi responsável por 28 pedidos (pouco mais de 1/4 do total).

Ao invés de galpões fabris, salas amplas, claras e divididas por atividades específicas preenchem o centro de inovação da Mahle, localizado na rodovia Anhanguera, desde 2009. A empresa possui outros seis centros de tecnologia no mundo, porém o forte ramo automotivo brasileiro - o 5º maior mercado do mundo na área - faz com que a unidade de Jundiaí concentre estímulos para ser a segunda maior unidade de P&D do grupo e desenvolver novas tecnologias ou produtos que auxiliem a resistência de motores, sobretudo o Flex-Fuel, dominante em montadoras.

Uma equipe de 300 funcionários atua no centro da Mahle. Destes, 250 são do corpo técnico e 10% estagiários. Pela equipe, resultados evoluem. Nos indicadores do Patent Cooperation Treaty (PCT) de 2011, a Mahle aparece em 10ª posição, entre as empresas que mais aplicaram patentes naquele ano, no mundo. Junto a ela, está a Natura Cosméticos S.A. (em 3ª posição) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 8º lugar.

"Temos um sistema de coleção de ideias conectado entre todos os centros de tecnologia da Mahle no mundo. Com ele, oferecemos a possibilidade de qualquer funcionário criar uma ideia. Após um gerenciamento e avaliação das criações de acordo com as demandas futuras, analisamos se é ou não o momento de patentear. Assim, dobramos o número de depósitos em patentes de 2011 para 2012, de 14 para 28", diz o gerente de inovação da empresa, André Ferrarese.

"O ambiente de desenvolvimento é complexo. Por isso, há uma preocupação com a propriedade intelectual para mantermos a continuidade de boas patentes", diz o profissional. Ferrarese esclarece que o PCT é o primeiro passo para que uma ideia exclusiva e criada seja protegida no País e no mundo.

Perfil promissor - Fora o setor automotivo e a pesquisa química, a alemã Siemens soma referência em P&D na Região. A multinacional possui três centros de pesquisa em Jundiaí, além das unidades em Osasco (SP), Canoas (RS), Curitiba (PR), Contagem (MG) e Rio de Janeiro. Esta última é voltado para o setor de petróleo e gás, e ainda este ano será inaugurada no Parque Tecnológico, existente na Ilha do Fundão.

Com uma área de quatro mil m², a nova unidade do Rio de Janeiro deve gerar vagas para pelo menos outros 200 profissionais até 2016, além de estreitar relações com trabalhos feitos aqui. Durante uma visita de 70 alemães à cidade no ano passado, Paulo César Beshini, principal executivo da Siemens jundiaiense, informou que a unidade de produção daqui (localizada no Distrito Industrial) irá interagir diretamente com o centro de pesquisa em construção no Rio de Janeiro para o desenvolvimento de novas tecnologias voltadas à área de óleo e gás. O que for desenvolvido lá será colocado em prática aqui para a geração de energia na exploração de petróleo.

Segundo a assessoria de imprensa da empresa, os trabalhos de pesquisa da Siemens resultam em uma média de oito invenções por ano. Atualmente, são cerca de 60 mil patentes em vigor no mundo, com média diária de 38 invenções e 23 pedidos de patente.

Relação com o mercado - Nem só patentes nascem da Região. Em 2012, cinco novas tecnologias, desenvolvidas aqui, foram lançadas pela Mahle. Os trabalhos são feitos em uma das frentes do centro de inovação de empresa, chamado de ´pré-desenvolvimento´. "Pensamos em meios para desenvolver componentes de motor que reduzam o consumo de combustível e a emissão de CO2", diz Ferrarese.

Segundo ele, 75% das tecnologias da Mahle, de todos os centros levadas ao mercado geraram pelo menos um negócio com clientes no ano passado. "A efetividade dos lançamentos no mercado é muito positiva e tende a crescer. Esta é uma demanda natural."