13/11/10 11h28

Empresas de açúcar e álcool elevam investimentos na geração de energia

O Estado de S. Paulo

Grandes empresas do setor sucroalcooleiro estão elevando seus investimentos em cogeração de energia com a queima do bagaço da cana-de-açúcar, de olho na maior competitividade que a inclusão da produção de bioeletricidade traz para toda a usina. "Estamos priorizando a cogeração de energia em nossas usinas porque, ao utilizar o bagaço de cana como matéria-prima, reduzimos os custos e nos tornamos mais competitivos. Agregamos receita ao nosso negócio a partir da mesma cana que já produziu açúcar ou etanol", diz o presidente da Açúcar Guarani, Jacyr Costa Filho. Para o diretor de pessoas e sustentabilidade da ETH, Luiz Pereira de Araújo Filho, a receita extra que a cogeração cria é de até 15% do faturamento da unidade, mas o impacto geral está acima de 25%. Essa preocupação já fez aumentar a busca de linhas de financiamento para cogeração no BNDES. Diante da falta de capital suficiente para construir novas usinas, muitas empresas optaram por ampliar a capacidade de cogeração e de açúcar. A fabricante de equipamentos Dedini também registrou um aumento nas encomendas de equipamentos para cogeração.

Nos próximos dois anos, a Guarani vai elevar sua produção de 300 mil megawatt/hora (MWh) para 700 mil MWh. A expectativa é de que a receita da Guarani com a venda de energia atinja R$ 105 milhões (US$ 61,8 milhões) por ano em 2013. Das sete usinas do grupo, quatro possuem investimentos em cogeração. A ETH Bioenergia também está investindo em cogeração tanto em projetos novos como na ampliação da produção já existente. "Três de nossas usinas estão ampliando sua capacidade com a colocação de uma nova caldeira de alta pressão", informa Araújo. Com a expansão, as unidades de Conquista do Pontal, Santa Luzia e Rio Claro vão praticamente dobrar sua produção. Em 2010, as usinas Eldorado e Alcídia comercializaram mais de 2,3 milhões de MWh e iniciam a entrega a partir de 2011.

Além disso, das quatro usinas da Brenco que foram absorvidas pela ETH, três subestações de energia já estão prontas. No geral, Araújo informa que 70% da energia produzida pelas usinas do grupo já foram comercializadas. Segundo ele, parte da energia é deixada para ser comercializada no mercado livre. "A receita esperada com a venda desta energia durante toda duração do contrato, de 15 anos, é de R$ 4 bilhões (US$ 2,4 bilhões)", explica. Por ano, a receita deverá ser de R$ 266 milhões (US$ 156,5 milhões). O executivo explica também que algumas usinas do grupo, localizados em Mato Grosso do Sul e Goiás, já estão com seus equipamentos prontos para operar, mas não conseguem colocar o excedente no sistema porque a conexão elétrica ainda não chegou às regiões.