Empresários reafirmam aposta no Porto de Santos para investimentos
Persistência e ideias inovadoras marcam as histórias de sucesso dos empresários Kleber Bluhm e Vinícius Pina
A TribunaA ideia de empreender na área portuária, um segmento que movimentou, só em 2023, mais de 1,3 bilhão de toneladas, soa atraente para qualquer empresário. Porém, o processo não é simples nem possui uma fórmula pronta. Mesmo assim, a capacidade de gerar empregos e dividendos, sobretudo no Porto de Santos, o maior do Hemisfério Sul, une empreendedores para quem o sonho foi apenas o primeiro passo.
É o caso do diretor-presidente do Grupo Sudeste Navegação/Marfort Serviços Marítimos, Kleber Bluhm. A empresa completa 30 anos em dezembro e emprega diretamente mais de 600 pessoas espalhadas pelo País. Ele recorda que o início da jornada foi na união de pai e filho.
“Em 1993, aos 24 anos, vim para Santos trabalhar com meu pai em um posto flutuante de abastecimento para atender a demanda de barcos pesqueiros. A ideia foi de um amigo do meu pai, que tinha uma empresa que trabalhava na área portuária, no atendimento a navios, e o incentivou a empreender nessa área. Viemos do Espírito Santo para a Baixada Santista e instalamos o primeiro posto flutuante da região”.
Na oportunidade, o empresário percebeu que existiam muitos pedidos de barcos de apoio, tipo rebocador e balsa de pequeno porte, para levar materiais a navios atracados e fundeados na região. Foi a senha para montar o próprio negócio. “Vendi meu único carro e comprei meu primeiro barco no Rio de Janeiro. Com ajuda de alguns amigos, passei um ano reformando o rebocador. Voltei a Santos em setembro de 1994, quando fundei a Sudeste Navegação”, diz.
Bluhm afirma que o crescimento se deu basicamente em oferecer soluções de transporte via marítima dentro do canal do Porto de Santos. Até que, em 1995 adquiriu a área de um antigo estaleiro de barcos de pesca, em Vicente de Carvalho.
“Hoje, temos três bases marítimas na Margem Esquerda (Guarujá) do Porto que oferece serviços de reparos e atracação, entre outros, com uma frota própria de mais de 28 embarcações, entre balsas, rebocadores e de passageiros. Também estamos presentes em diversos estados, no segmento de operações portuárias, onde trabalhamos com empresas voltadas para exploração de petróleo na costa brasileira”.
Dica para quem busca empreender? Ele tem uma: paixão pelo que faz. “Dessa forma, os degraus da subida se tornarão mais suaves para serem vencidos. É preciso ser forte, corajoso e, sobretudo, humano com as pessoas”, raciocina.
CEO da T-Grão Cargo Terminal de Granéis, Vinícius Pina também leva adiante um sonho do pai, Virgílio Pina, que morreu em 2018. Em 1997, ao lado do sócio Antonio Braz, então já consolidado no segmento de grão com uma agência de navegação, decidiu solicitar a área do silo do Porto de Santos, no Armazém 27.
“A ideia nasceu da necessidade de consolidar a expertise em movimentação de grãos de origem vegetal. Adotamos conceitos até então inexistentes no cais santista, com nível de automação operacional relevante, instalações de armazenagem verticalizadas e com mínima exposição a contaminantes externos”, recorda Pina.
Segundo ele, em 2024, serão entregues investimentos que devem resultar em movimentações superiores a 5,5 milhões de toneladas para a atual safra, podendo chegar a 7 milhões até 2027.
“Temos 200 colaboradores diretos e aproximadamente 100 terceirizados. Em um mercado tão globalizado, onde massivamente os grandes grupos e multinacionais dominam, empreender exige serviços diferenciados e de rápida adequação às necessidades pontuais”, complementa.