Empresa adota soluções para reduzir emissão de carbono
A norte-americana Eaton, instalada em Valinhos, tem dado especial atenção a questões como reúso da água e utilização de energia natural ou renovável
Correio PopularA partir de um programa que tem por meta usar cada vez menos recursos naturais, como água e energia elétrica, a Eaton, multinacional norte-americana de gerenciamento inteligente de energia, localizada em Valinhos, cidade da Região Metropolitana de Campinas (RMC), vem se preparando para reduzir em 50% suas emissões de carbono até 2030, o que significa que 675 mil toneladas do gás deixarão de ser lançadas na atmosfera. Esse número, segundo a diretora de sustentabilidade, meio ambiente e segurança do trabalho, Cristiane Mota, "está alinhado ao movimento global de limitar o aumento da temperatura da Terra".
Cristiane explica que a Eaton - que tem aproximadamente 95 mil funcionários, com clientes em cerca de 175 países - está compromissada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), um apelo global aos governos, empresas e sociedade civil para reduzir a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir uma vida de paz aos habitantes do planeta. São 17 desafios a serem cumpridos até 2030, que podem ser conhecidos no site da ONU (https://brasil.un.org).
Para atender à proposta lançada pela ONU, esclarece Cristiane, a Eaton vem buscando, desde 2018, desenvolver processos de redução de consumo de energia elétrica. Graças às iniciativas adotadas, a empresa venceu algumas premiações promovidas por seus clientes depois que a meta de eficiência energética passou a ser executada em vários setores da companhia.
O principal projeto de eficiência energética da Eaton é o reúso de água. Para aumentar a sua produção industrial consumindo menos energia, a companhia emprega a osmose reversa, um processo que promove o tratamento da água, que fica em condições de ser reutilizada de diferentes formas. O emprego do método só é possível porque a planta de Valinhos mantém uma estação de tratamento que recebe a água oriunda da sua produção industrial.
O sistema de osmose reversa permite a remoção de impurezas do líquido, através da separação das moléculas de água dos contaminantes. Esse processo é possível devido às diferenças de pressão entre os dois elementos. Assim, a mesma água utilizada para a fabricação das peças automotivas é posteriormente captada, tratada e reutilizada nos sanitários, através de uma tubulação apropriada. A água tratada pela estação própria da Eaton também é utilizada nas torres de resfriamento que fazem parte do processo produtivo da empresa.
"Dessa forma, temos consumido menos água por conta do reúso. Nossa meta de redução é de 2% a cada ano para que possamos atingir a maior nível possível até 2030", afirma Cristiane. O projeto baseado no método da osmose reversa foi submetido à Câmara Americana de Comércio (Amcham) e será levado para a 28ª Conferência de Mudanças Climáticas da ONU (COP 28), que acontece entre 30 de novembro e 12 de dezembro, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Entre os próximos objetivos da Eaton, de acordo com a diretora de sustentabilidade, está a garantia de que todas as suas operações - dos resíduos originados pela produção industrial aos oriundos dos sanitários e restaurante - se transformem em carbono neutro. Além disso, outro projeto em andamento é conseguir que 10% das fábricas da companhia não lancem efluentes industriais na natureza, de forma a assegurar o reúso da água, promovendo consequentemente mais economia de recursos.
Procedência da energia
Segundo Cristiane, toda a energia comprada pela Eaton destinada à produção tem origem em fontes como usinas hidroelétricas ou gás natural. As máquinas que produzem as peças automotivas, destinadas às montadoras de veículos, dependem de energia para funcionar. Segundo a diretora da empresa, a energia consumida na Eaton não pode vir, por exemplo, de termoelétricas, que são movidas a carvão, cuja queima produz gases de efeito estufa. "A energia que compramos tem de ser de fontes naturais e renováveis", reforça Cristiane.
Para isso, continua ela, "trabalhamos com contratos de energia junto aos nossos fornecedores de maneira que possamos rastreá-la e verificarmos sua procedência. É dessa forma que sabemos que a energia que utilizamos, por exemplo, vem de hidroelétricas, apesar de essa energia sustentável ser mais cara".
A diretora da Eaton detalha que as peças fabricadas para os automóveis, dentro de uma concepção sustentável de produtividade, inserem a companhia norte-americana em uma cadeia de menor impacto ambiental. "Dentro desse ciclo sustentável, conseguimos valorizar nossos produtos", afirma Cristiane.
Pilares sustentáveis
A atuação da Eaton quanto aos projetos de sustentabilidade têm foco regional. E isso se refere à emissão de gases do efeito estufa, explica Cristiane. Segundo ela, em razão do processo de osmose reversa utilizado nos seus sistemas produtivos, a emissão de gases de efeito estufa pela fábrica de Valinhos é zero. "Trabalhamos com escopo número dois no que se refere aos recursos renováveis". O escopo número dois classifica o tipo de energia utilizada por uma indústria na produção. Como as fontes da Eaton são as concessionárias que produzem energia 100% renováveis ou natural, o carbono emitido é neutro.
No ano passado, a Eaton formou um Comitê de Sustentabilidade Regional, com três pilares importantes: a relação da empresa com o solo e a redução de resíduos sólidos e de consumo de água, o que significa que a empresa tem mostrado preocupação com a geração cada vez menor de afluentes industriais, com a redução de gases de efeito estufa e com a diminuição de consumo de energia elétrica, segundo sua diretora.
"Com esses três pilares, começamos a desenvolver projetos mais estratégicos, pois tivemos como mensurar os resultados alcançados". Ela conta que por meio da mensuração tem sido possível avaliar quais dos projetos de sustentabilidade são práticas transferíveis para outras localidades da Eaton, tanto no Brasil como fora.
Os resultados são debatidos no comitê, que mantém reuniões mensais para apresentação da evolução de projetos, revisão do capital planejado e investido e também entender quais pilares se desenvolveram mais ou quais são os que precisam avançar.
"Por consumirmos muita energia elétrica, precisamos garantir que a nossa matriz seja sustentável. Por isso fomos atrás de uma certificação que garantisse a rastreabilidade da energia que utilizamos, para nos certificarmos que ela é produzida de modo renovável", afirma Cristiane. "Atingimos o objetivo, pois a totalidade da energia que empregamos no processo produtivo é renovável e, assim, emitimos zero gases de efeito estufa", completa.
Para 2024, entre as metas da empresa estão reduzir a utilização de gás natural em suas manufaturas e também enviar o menor volume possível de resíduos produzidos por seus colaboradores aos aterros sanitários. Os resíduos gerados por todos os processos da Eaton, sejam dos funcionários no uso dos sanitários, refeitórios e todo o processo produtivo, como também as embalagens e o lodo que sai da estação de tratamento, precisam produzir o menor impacto possível no meio ambiente, explica Cristiane.
Atualmente, as sobras de alimentos do restaurante têm como destino a compostagem. Já as embalagens vão para reciclagem e outros materiais, como os resíduos metálicos das peças fabricadas, vão para indústrias de processamento, que usam o metal para alimentar fornos.
O foco da Eaton para 2024, explica Cristiane, é produzir uma matriz de embreagem que consuma menos matéria-prima e gere menos resíduos metálicos. "O que queremos é não gastar energia reciclando esses resíduos", finaliza.