17/05/18 12h00

Emprego na indústria tem melhor saldo para o quadrimestre desde 2011

Fábricas do Grande ABC contrataram 1.450 profissionais de janeiro a abril, segundo o Ciesp

Diário do Grande ABC

As fábricas do Grande ABC iniciaram 2018 realizando contratações e mantiveram essa ‘toada’ até abril. Com isso, o saldo de vagas (contratações menos demissões) do primeiro quadrimestre do ano nas indústrias da região alcançou 1.450 postos, melhor resultado – e o primeiro positivo – para o período desde 2011, quando tinham sido geradas 3.350 vagas. Para efeito de comparação, de janeiro a abril do ano passado eram contabilizadas 1.700 dispensas. Os dados foram divulgados ontem pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).

Ao analisar o desempenho do emprego nas indústrias das sete cidades somente em abril, o volume de postos é o maior desde 2010, quando foram criados 1.300. No mês passado, foram abertas 550 oportunidades, enquanto que, em igual período do ano passado, haviam sido fechadas 100.

A melhor performance foi notada nas indústrias de São Bernardo, onde se deu a contratação de 950 profissionais desde o início do ano. O resultado é reflexo da retomada do setor automotivo e do aumento da produção, que impacta toda a cadeia.

Até abril, conforme a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), foi confeccionado em todo o País quase 1 milhão de veículos (alta de 20,7% ante 2017), e o Grande ABC reúne seis montadoras. No início do ano, a Mercedes-Benz contratou 272 trabalhadores na cidade, sendo 130 por tempo determinado.

“O bom resultado do setor automobilístico impacta em toda a cadeia, ao gerar pedidos para os segmentos de metais, plástico e borracha. E, embora alguns ramos ainda estejam sofrendo com a crise, como o da construção, que está patinando, no geral a curva decrescente com o excesso de demissões foi invertida, após sete anos, o que já é algo muito positivo”, avalia Mauro Miaguti, vice-diretor do Ciesp São Bernardo.

O diretor do Ciesp Diadema compartilha da análise, ao destacar o impacto da indústria automotiva para alavancar a geração de emprego no município, que totalizou 850 postos no quadrimestre. Em relação ao tipo de contratações, por vezes com remuneração menor do que se costumava pagar e por tempo determinado, ele avalia: “As fábricas foram duramente atingidas pela crise, e dispensaram muita gente. Agora, apesar dos sinais positivos de reação da economia, elas ainda estão receosas para realizar contratação efetiva. Estão dando um passo por vez”.

O diretor do Ciesp Santo André (que abrange Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), Norberto Perrela. conta que contratou 15 funcionários em sua empresa – que soma 280 –, porém, terceirizados. “Ficamos animados diante da necessidade de mão de obra, mas, como os rumos da economia neste ano ainda estão incertos, vamos devagar”, avalia, ao destacar que o principal setor de atuação da companhia é a linha branca, como fogões, que reage conforme o aumento da confiança do consumidor. Quanto à terceirização, por exemplo, ele afirma que a opção se deu neste momento porque os riscos são menores, já que os encargos ficam por conta da empresa contratada. Só em abril, a entidade contabiliza 450 vagas a mais.

A prévia do PIB (Produto Interno Bruto) divulgada ontem, de retração de 0,13% no primeiro trimestre, após 2017 todo no azul, mostrou que a projeção atual de crescimento de 3% em 2018 pode ser revista. “É possível que fique abaixo de 2,5%. Com isso, ligamos um sinal de alerta. Aquele otimismo todo do início do ano não está se sustentando, ainda é incipiente. Além disso, não tivemos a aprovação da reforma da Previdência nem sinal algum de incentivo à indústria”, assinala Perrela.