19/01/12 10h54

Emergentes serão maioria em comércio virtual até 2015

Folha.com

Os principais mercados atuais para o comércio eletrônico mundial - Estados Unidos e países da Europa Ocidental - devem perder espaço para economias emergentes até 2015.

A conclusão é do levantamento da consultoria Forrester Research, apresentado essa semana no evento do varejo americano, em Nova York.

Hoje essaa nações representam mais de 50% das vendas virtuais de R$ 805,5 bilhões (US$ 450 bilhões, mas vão perder espaço para transações feitas na China, Brasil, México, Índia e também em economias como Japão e Coreia do Sul.

"A mudança significativa no perfil das vendas on-line no mundo está relacionada principalmente ao avanço da internet nesses países entre os consumidores e às novas formas de interação, como o comércio social", disse Zia Wigder, diretora de pesquisas da Forrester Research.

O comércio eletrônico brasileiro cresceu 21% em 2011 e chegou a R$ 21,5 bilhões. O volume representou 2,2% das vendas on-line mundiais.

A expectativa é que a participação brasileira passe para cerca de 3% do comércio eletrônico mundial - ou R$ 39,3 bilhões de R$ 1,25 trilhão - nos próximos três anos, segundo a consultoria.

Apesar de o número parecer pouco expressivo, principalmente ante os 22% que devem ser conquistados pela China no mesmo período - com R$ 285,3 bilhões -, o Brasil é considerado um dos países com maior potencial para as vendas on-line.

Isso porque registrará expansão do alcance do número de consumidores na internet, diversificação dos produtos comercializados e a chegada de grupos internacionais, que impulsionarão o setor.

Hoje são cerca de 30 milhões de brasileiros que compram pela internet entre 91 milhões de usuários da rede.

BRASIL E CHINA

Brasil e China foram apontados durantes do evento como os principais mercados on-line a serem explorados, embora tenham perfis e maturidade diferentes para as vendas virtuais.

Enquanto na China o comércio virtual é extremamente pulverizado com os 20 maiores varejistas representando apenas 8,4% das vendas na internet, no Brasil essa mesma quantidade de empresas tem 70% de participação, puxadas pela B2W, que controla Submarino e Americanas.com.

Outra diferença significativa é o tipo de produto consumido.

"Os chineses já têm cultura de compra de praticamente de tudo na internet, de roupas a eletrônicos. A próxima fronteira prevê a chegada de marcas internacionais e de luxo para a venda virtual", diz Angela Kapp, consultora especializada em vendas no mercado chinês e vice-presidente do clube on-line de vendas de luxo Hui She Shang.

Já no Brasil, eletrônicos e livros estão entre os campeões de vendas e a etapa atual é o amadurecimento de outras categorias.

"Gradualmente vemos a evolução de outros tipos de produto sendo explorados pelas vendas on-line brasileiras e também os sites de nicho ganhando espaço", diz Gastão Mattos, presidente da Braspag, de sistemas de pagamento e serviços financeiros pertencente à Cielo.

As vendas on-line na China estão concentradas em quatro cidades principais, de acordo com Kapp --Pequim, Xangai, Guandong e Jiangsu, enquanto no Brasil os internautas crescem praticamente em todas as regiões do país.

INVESTIMENTO

Para os estrangeiros que querem investir em comércio eletrônico nos dois países, os desafios também são bem diferentes.

"Hoje, a principal questão para as empresas internacionais que querem operar comercialmente na China, entre elas a de comércio eletrônico, é lidar com questões relativas a proteção de propriedade intelectual, ainda com pontos muito frágeis no país", afirma a executiva.

"Entender a cultura de controle da internet no país também é desafiador", diz.

De acordo com Mattos, no Brasil um dos desafios é combater as fraudes com cartões de crédito nas vendas on-line. Hoje 1% das transações envolvendo o meio de pagamento são fraudulentas. Outra questão a ser superada tanto pelas novas empresas de comércio eletrônico no país quanto por aquelas que já existem é o gargalo na distribuição logística.

Hoje existem apenas seis empresas privadas especializadas em transporte de cargas vendidas pela internet - além dos Correios, principal distribuidor no país com 33% de participação.

"Haverá um gargalo expressivo nos próximos anos com o crescimento do comércio eletrônico no Brasil. Essas empresas não suportarão o aumento de 25% de cargas a serem transportadas no país", diz Mattos.

O evento da Federação Nacional do Varejo dos EUA em Nova York reuniu cerca de 24 mil pessoas. A delegação brasileira foi a maior entre os participantes internacionais, com 4.300 pessoas.