12/04/11 11h23

Emergentes conquistam autonomia dentro da GE

Valor Econômico

As subsidiárias dos países emergentes da americana General Electric (GE) acabam de entrar em uma nova fase. Agora, elas passarão a ter maior independência da matriz, cuja estratégia se volta para as decisões tomadas in loco. Nesse contexto, o plano é que a GE do Brasil ganhe em autonomia e agilidade. "Nessa nova organização vamos colocar mais recursos para o Brasil", afirmou, em entrevista ao Valor, o presidente global da GE International e vice-presidente global, John Rice. O executivo afirma que a ideia é dar mais liberdade e capacitação para a subsidiária brasileira ampliar sua atuação no mercado local e latino-americano.  Segundo Rice, estão garantidos ao Brasil recursos para ampliações de capacidade e possíveis aquisições, além de apoio técnico, como em mão-de-obra.

A estratégia de dar maior autonomia para suas subsidiárias emergentes - que representam 25% do faturamento global da multinacional - acompanha a criação de uma nova sede em Hong Kong, que aproxima a liderança da GE dos mercados asiáticos. Esta sede, que trabalhará diretamente com a matriz da companhia em Fairfield, nos EUA, colaborará para que as operações da empresa ocorram por 24 horas por dia. Antes, Rice comandava a área de Infraestrutura de Tecnologia da GE. Ao assumir o novo cargo e se mudar para Hong Kong, ele marca uma mudança radical para multinacional. Esta é a primeira vez que um alto membro do conselho fica baseado fora dos Estados Unidos. "Assim, eu posso defender os interesses dos negócios locais e ficar mais próximo dos nossos clientes na Ásia", explicou.

Para Rice, agilizar a tomada de decisões das subsidiárias localmente fortalecerá os resultados dos emergentes dentro da multinacional. "A GE quer crescer e crescer mais rápido", enfatizou o executivo. E essa preocupação tem razão de ser. Os resultados da companhia em 2010 apontaram para uma retração de 3% no faturamento, para US$ 150 bilhões. Em 2009, já tinham recuado quase 15%. Na Europa, os negócios da empresa caíram 14% no ano passado, enquanto nos EUA as vendas perderam 2%. Em contrapartida, o faturamento das subsidiárias da bacia do Pacífico avançou 4%, enquanto na América Latina, as vendas cresceram 6%.

A proximidade dos mercados de maior crescimento está relacionada com o foco que a multinacional tem no desenvolvimento da infraestrutura desses países. E é nesse foco que está baseada a confiança depositada pela empresa. Rice se diz tranquilo com os resultados globais, já que enxerga, no futuro, uma maior demanda pelos projetos de infraestrutura da companhia. Os resultados hoje, segundo ele, ainda são reflexo da crise financeira global.