14/12/21 11h39

Embrapa reúne cérebros em corredor do agro no interior

Empresa cria programa de inovação que vai de Campinas a Ribeirão Preto

Jornal Correio

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por meio do seu setor de Agricultura Digital, apresentou, em um evento comemorativo de 36 anos, um estudo para a criação do Corredor de Inovação do Estado de São Paulo, que pretende gerar uma cooperação entre unidades de pesquisa, empresas, startups e universidades com atuação no ramo em Campinas, Jaguariúna, Piracicaba, São Carlos e Ribeirão Preto, conhecido como o "eixo-caipira". Para a chefe-geral da entidade, Silvia Massruhá, a iniciativa vai promover o desenvolvimento regional por meio do compartilhamento de métodos tecnológicos e sustentáveis. 

Com um setor de hortifrutigranjeiro cada vez mais forte na Região Metropolitana de Campinas (RMC), Silvia destacou que o consumidor está cada dia mais exigente na hora de adquirir algum produto. 

"Atualmente, as pessoas se preocupam com algumas questões importantes, como o valor nutricional, a origem dos alimentos e o âmbito socioeconômico", explicou. Em virtude disso, novas demandas surgiram para os produtores rurais, que precisam se adaptar ao novo comportamento da sociedade. "É necessário apresentar o quanto uma plantação é sustentável, por exemplo", afirmou.

Para que o projeto fosse viabilizado, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou, no início deste ano, uma verba de R$ 19,5 milhões para a Embrapa. "A quantia foi destinada igualmente para as cinco unidades da entidade que ficam localizadas no Estado, o que propiciou investimentos específicos em diferentes áreas", explicou. No caso do setor chefiado por Silvia (Agricultura Digital), o dinheiro foi aplicado no Data Center Científico, onde novos processadores, softwares e máquinas foram adquiridos com o objetivo de melhorar a engenharia da informação da empresa. 

Os métodos tecnológicos, contou ela, viabilizam mudanças importantes no cotidiano dos produtores. "Com a crise hídrica atual, se tornou fundamental que o agricultor possua um sensor de solo, por exemplo, para que ele possa saber onde a água deve realmente ser aplicada, propiciando uma importante economia hídrica", detalhou. Outro ponto citado pela chefe-geral é a questão climática, que costuma impactar as plantações de maneira recorrente. "O sistema de alerta climático propicia ações preventivas ao longo prazo, diminuindo o uso de produtos defensivos para evitar a contaminação por pragas, por exemplo", ressaltou. 

A região 

Segundo um levantamento realizado pelo Radar AgTech, as cidades participantes do Corredor da Inovação, que possuem ao todo mais de três milhões de habitantes, contam com 112 instituições de ensino e pesquisa, onde cerca de mil profissionais finalizam a graduação em cursos agropecuários todos os anos. A região considerada pelo projeto como o "eixo-caipira" dispõe também de 52 ambientes de inovação, 168 startups de inovação nos setores do agronegócio, além das cinco unidades estaduais da Embrapa, sendo uma localizada em Campinas e outra em Jaguariúna. 

A chefe-geral da entidade em Jaguariúna destacou que a RMC conta com dois outros fatores essenciais para o projeto: o Polo de Alta Tecnologia de Campinas e o Aeroporto Internacional de Viracopos. "Se trabalharmos de forma mais enérgica o desenvolvimento das cidades no entorno, o Corredor poderá ser umas das principais referências em agricultura tropical em todo o mundo e a 5ª em agricultura geral", certificou. 

Mesmo com o fato de apenas algumas cidades terem sido citadas no projeto, Silvia assegurou que os municípios localizados em um raio de 250 quilômetros também serão beneficiados. "Temos alguns passos, como o levantamento de produtores, o desenvolvimento de sistemas locais, com provedores de internet e a capacitação dos trabalhadores", explicou. Além disso, a porta-voz da empresa afirmou que o Corredor contará com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). "É uma parceria importante para que a proposta possa impactar de maneira positiva a vida da sociedade", ressaltou. 

Para o presidente do Sebrae São Paulo, Tirso Meirelles, o convênio de cooperação assinado com a Embrapa Agricultura Digital é algo pioneiro. "Teremos uma enorme responsabilidade de levar todo o conhecimento da transformação digital para os pequenos e médios produtores rurais", afirmou. Segundo ele, cerca de 78% das propriedades rurais do Estado possuem menos de 65 hectares de área. 

Estudantes 

A chefe-geral da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou o papel importante das universidades da Região, como a Unicamp e o campus da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba, no projeto de inovação. "Centenas de profissionais excelentes se formam em alguma das universidades anualmente e contam com a base de diversos institutos, como o Agronômico de Campinas (IAC)", afirmou. Porém, Silvia afirmou que, com a criação do Corredor, os estudantes vão ter um exemplo próximo da necessidade de um planejamento sustentável para o agronegócio. "Essa visão proporcionada aos alunos será vital para o futuro do setor agropecuário", explicou. 

Na visão do pesquisador da entidade, Vitor Mondo, será possível, por meio do Corredor, proporcionar uma participação regional expressiva no cenário internacional. "Toda essa estrutura pode ser analisada como redes a serem conectadas e expandidas, trazendo uma dinâmica e um conjunto de competências mais amplo", explicou. 

fonte: https://correio.rac.com.br/campinas-e-rmc/2021/12/1148903-embrapa-reune-cerebros-em-corredor-do-agro-no-interior.html