05/06/08 14h47

Embrapa corre para tornar-se referência em biocombustíveis

Valor Econômico - 05/06/2008

Criado há dois anos, o centro da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) dedicado ao estudo de novas fontes renováveis de energia ainda não tem sede própria, conta com uma equipe reduzida e briga para garantir seu quinhão nos disputados recursos orçamentários da estatal. Tantas limitações, porém, não impedem a Embrapa Agroenergia, caçula da rede de 38 unidades da empresa, de consolidar suas apostas estratégicas e científicas com o objetivo de dominar a tecnologia de novas matérias-primas dos biocombustíveis do futuro no Brasil. Em meio ao intenso jogo político internacional em torno dos biocombustíveis, a Embrapa pretende, com suas pesquisas, elevar o status de referência na agropecuária para transformar-se em modelo industrial. Para isso, investe em novos materiais de primeira geração para a fabricação de um etanol mais barato e produtivo. A estatal também reforça a aposta em um biocombustível brasileiro de segunda geração, feito a partir de celulose e "construído" com conhecimento novo e parcerias estratégicas. Assim como faz com a Embrapa Internacional, cuja atuação espalha-se pelo mundo, o plano da empresa é acelerar as pesquisas para alavancar no exterior os negócios de indústrias, equipamentos, processos e serviços genuinamente brasileiros. Na área de desenvolvimento de novas matérias-primas, o principal trunfo da Embrapa Agroenergia é o domínio tecnológico do sorgo sacarino. Gramínea de alta capacidade de captação de energia, comparável à cana-de-açúcar, este tipo de sorgo adapta-se em várias regiões, tolera seca e tem alto potencial para ser cultivado em áreas marginais da cana. "O sorgo produz 85 toneladas por hectare [produtividade similar à da cana], mas leva apenas 140 dias para ser colhido, enquanto a cana demora entre 12 e 18 meses para o primeiro corte", diz o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, o agrônomo mineiro Frederico Durães. O novo produto encurta o caminho para etanol de celulose, algo que está no topo da agenda dos grandes consumidores, como Estados Unidos e Europa. Nos planos da Embrapa, estão as pesquisas para melhorar a cana-de-açúcar por meio da fixação biológica de nitrogênio. Isso eliminaria a demanda de 70% de derivados de petróleo e significaria mais lucros, porque há uma redução de 30% nos custos de produção já no primeiro ano.