Embraer tem pedidos de 103 jatos no Salão de Paris
Valor EconômicoO Salão de Aviação de Le Bourget, maior feira do setor no mundo, foi inaugurado ontem nos arredores de Paris com inúmeros anúncios de vendas de aeronaves. A Embraer contribuiu para reforçar esses números: a empresa divulgou 103 novas encomendas, sendo 50 delas pedidos firmes, que totalizam US$ 2,6 bilhões, a preço de lista. Se forem incluídas as opções de compra, os negócios somam US$ 5,4 bilhões.
A chinesa Colorful Guizhou, do sudoeste do país, comprou 17 aeronaves E190 (com 100 assentos), sendo sete encomendas firmes e dez opções de compra, com valor estimado em US$ 834 milhões, se todas as opções forem exercidas. A companhia chinesa já é o quinto cliente de E Jets da Embraer na China.
A americana SkyWest adquiriu oito aeronaves E175, com capacidade de até 88 assentos. Outra companhia americana, a United Airlines irá aumentar sua frota com 28 novos aviões E175, sendo dez pedidos firmes, estimados em US$ 444 milhões, e 18 opções de compra.
A Embraer integrou um novo cliente à sua carteira: a também americana Aircastle, que assinou pedido firme para 25 E-Jets E2 (são 15 E190 E2 e dez E195 E2), a segunda geração da família de E-Jets de aviões comerciais. Esse pedido inclui direitos de compra - que garantem maior flexibilidade em relação ao prazo de entrega das aeronaves do que as chamadas "opções de compra - de outras 25 aeronaves E2, na mesma proporção dos pedidos firmes.
Com essa nova encomenda da Aircastle, a carteira de pedidos de E-Jets E2 totaliza 640 unidades, sendo 267 pedidos firmes. As entregas dos aviões dessa segunda geração estão programadas, no caso do E190 E2, para começar no primeiro semestre de 2018, confirmaram ontem altos executivos da empresa no Salão de Le Bourget. Esse modelo já começou a ser montado na fábrica de São José dos Campos e o primeiro voo está previsto no segundo semestre de 2016. O E195-E2 está programado para entrar em serviço em 2019. Já o modelo E175-E2 será em 2020.
Com os anúncios feitos ontem no salão de Le Bourget, a Embraer registra 124 pedidos firmes neste ano, segundo a empresa. Também na área da Defesa a Embraer anunciou ontem um novo contrato: a venda de seis A-29 Super Tucano para o governo do Mali. O montante desse negócio não foi informado.
A Embraer, que prevê neste ano "estabilidade com pequeno crescimento nas vendas", segundo seu presidente, Frederico Curado, também discute atualmente com a Gol e a LATAM possíveis novos contratos. "Não é segredo que a Gol e a TAM são grandes parceiros da Embraer. Estamos conversando, mas as discussões ainda não foram concluídas", afirmou ontem, no salão, Paulo César Silva, presidente da Aviação Comercial.
A Embraer divulgou ontem as previsões para o mercado mundial de aviões no segmento de 70 a 130 assentos nos próximos 20 anos. A empresa projeta que haverá entregas de 6,35 mil jatos até 2034, mais da metade na categoria de 90 a 130 assentos.
Segundo as estimativas, a frota mundial de jatos de 70 a 130 assentos deverá passar de 2,6 mil aviões em operação no ano passado para cerca de 6,5 mil em 2034, o que representaria o crescimento mais rápido entre todos os segmentos do mercado.
A rival histórica da Embraer, a canadense Bombardier, fez anúncios de vendas bem mais tímidos no evento na França, mas nem por isso sua presença foi menos comentada. A empresa realizou ontem o primeiro voo mundial de demonstração do CS300 da Bombardier (até 160 lugares, seu maior avião), da comentada nova linha CSeries de jatos regionais, que enfrenta dois anos de atraso que já teria consumido cerca de US$ 5 bilhões no seu desenvolvimento, segundo a imprensa canadense.
Sete anos após o lançamento do programa, a Bombardier registra 243 pedidos firmes dessa nova linha, enquanto a segunda geração de jatos da Embraer E2, iniciada há dois anos, totaliza 267 encomendas firmes. A CSeries inclui ainda o modelo CS100, com 115 lugares. "Esse avião bate cabeça com o nosso E195", afirmou no domingo Curado, presidente da Embraer, em relação à concorrência.
A Bombardier anunciou ontem que a companhia regional canadense WestJet confirmou seis opções de compra do modelo Q400, no valor de US$ 200 milhões a preço de lista.