Embraer ignora crise na venda de jato comercial
Valor EconômicoNa contramão da crise, a Embraer registra em 2015 os melhores resultados de vendas de jatos comerciais dos últimos três anos. De janeiro a setembro deste ano, segundo o presidente da Embraer Aviação Comercial, Paulo Cesar Silva, o número de pedidos firmes anunciados pela empresa para os E-Jets (jatos E1 e E2, de 70 a 130 assentos) somam 165 unidades, ante as 130 unidades fechadas no mesmo período do ano passado.
Em 2014, as vendas totais de E-Jets somaram 137 unidades. "Em dois anos de lançamento, a nova geração E-2 já acumula um total de pedidos de 640 unidades, sendo 267 firmes e 373 direitos de compra", afirma o executivo. Os resultados de vendas, diz Silva, garantiram a liderança absoluta da Embraer neste mercado, com 60% de participação.
O desempenho da aviação comercial em 2015, de acordo com o executivo, aumentará a participação da receita desse segmento no balanço do terceiro trimestre e o "backlog" (pedidos firmes) deve atingir um novo recorde. No fim de junho o volume de pedidos firmes era de US$ 22, 9 bilhões, mas o valor também inclui as demais áreas de negócios da Embraer.
O sucesso de vendas dos novos modelos já é maior que o da primeira geração, mas a Embraer acredita que o bom desempenho da primeira geração foi decisivo para a performance que vem sendo alcançada pelos novos jatos, pois criou uma referência positiva para o E2. Lançada em 2009, a primeira geração de E-Jets teve no mesmo período 112 pedidos firmes e 202 opções de compra.
O boom de vendas no mercado americano neste momento está compensando a redução de encomendas nos países emergentes e o ainda baixo volume da Europa, embora esta região já venha esteja sinalizando retomada.
"O dólar está ficando mais forte no mundo todo. O Federal Reserve (FED) deve subir os juros e isso vai afetar ainda mais os países emergentes. A combinação da desvalorização das moedas e uma economia menos aquecida não favorece as companhias aéreas dessas regiões", afirmou.
As aéreas americanas, por outro lado, segundo Silva, estão mais eficientes e ganhando muito dinheiro, principalmente depois de reorganizarem suas contas.
A Embraer estima uma demanda de 2.060 novos jatos no segmento de 70 a 130 assentos para o mercado americano nos próximos 20 anos. "É quase 35% do total da demanda mundial por aeronaves desse segmento, algo em torno de Us$ 96 bilhões", disse o executivo.
O sucesso de vendas do modelo E175 nos EUA (onde existe limite de 76 assentos para as companhias regionais), por exemplo, tem ajudado a Embraer a manter suas vendas aquecidas até a chegada dos novos jatos E2 em 2018.
Nos últimos três anos a empresa vendeu 265 unidades do modelo, que recebeu melhorias aerodinâmicas e garantiram 6,4% de eficiência no consumo de combustível. "O E175 é disparado o melhor avião da sua categoria", afirma o executivo da Embraer.