23/07/10 12h00

Embraer estuda novo jato para o mercado de aviação comercial

Valor Econômico – 23/07/10

A Embraer decide até o fim deste ano se faz a remotorização do jato 195, que comporta até 122 passageiros, ou se parte para o desenvolvimento de um avião de maior porte, de 130 assentos, disse ontem o vice-presidente para o Mercado de Aviação Comercial da empresa, Paulo César de Souza e Silva. O executivo informou ainda que a empresa não tem planos de fazer um avião de 150 lugares. A empresa também avaliou a possibilidade de lançar uma versão alongada do 195, batizada de 195X, mas não levou adiante o projeto, porque potenciais operadores manifestaram a preocupação de que haveria uma redução importante no alcance da aeronave.

A Embraer descartou ainda o desenvolvimento de um novo avião turboélice, mas confirmou que tenha feito um estudo sobre esse mercado nos últimos anos. "Esse mercado não é muito grande e as duas empresas que atuam nesse segmento - a ATR e a Bombardier - já suprem bem a demanda. Decidimos continuar concentrando nossos esforços nos E-Jets". A Embraer foi líder no segmento de aeronaves turboélice na década de 80 com o modelo Brasília. A empresa produziu e vendeu mais de 350 unidades do modelo e, atualmente, cerca de 200 aviões ainda estão em operação no mundo.

Para o analista de Transportes do Santander, Caio Dias, a Embraer já estuda desenvolver um produto mais eficiente operacionalmente para fazer frente à concorrência no mercado, representada principalmente pelos novos aviões CSeries da Bombardier e os MRJ da Mitsubishi. "A opção da remotorização da sua família de E-Jets é a mais provável no momento, porque representa um custo mais baixo e pode ser colocada no mercado num prazo menor e a tempo da empresa conseguir desenvolver um novo avião", opina o analista. Além disso, segundo o analista, a família de jatos Embraer 170/190 ainda tem uma aceitação muito grande no mercado mundial e os anúncios de vendas da empresa na feira de Farnborough foi uma prova incontestável de que o interesse pelas aeronaves permanece.

Segundo uma fonte que atua no mercado de desenvolvimento aeronáutico, a Embraer precisa tomar decisões rápidas para evitar a perda de mercado. "A família 170/190 já tem 10 anos e qualquer ganho que os aviões incorporarem vão fazer muita diferença para o operador em termos de custos operacionais". A alternativa da remotorização, de acordo com a fonte, seria acompanhada de melhorias aerodinâmicas, o que traria como benefício um avião mais eficiente e com um custo de operação menor. "O desenvolvimento de um novo avião implicaria na construção de uma nova fuselagem, na utilização de materiais mais eficientes e em um novo motor", explicou.

O desenvolvimento de um novo jato, maior que o 195, segundo o especialista, demandaria um investimento mínimo de US$ 2 bilhões. Para o analista do Santander, a Embraer tem competência para colocar esse avião no mercado em um tempo recorde de quatro anos. A remotorização, por sua vez, custaria bem menos, entre US$ 800 milhões e US$ 1 bilhão. A concorrente Bombardier, segundo Dias, está investindo cerca de Us$ 2,5 bilhões no desenvolvimento dos seus novos jatos CSeries e a previsão é que entrem no mercado por volta de 2014.