25/07/13 15h48

Em foco, Brasil se torna estratégico para BlackBerry

Brasil Econômico

Com mercado de smartphones em ascensão, país é estratégico para a retomada da canadense.


A BlackBerry (ex-Research in Motion) colocou o Brasil definitivamente em sua trilha para recuperar terreno no mercado global de smartphones.


A empresa canadense anunciou ontem o lançamento local do Q10, o segundo modelo da marca baseado no novo sistema operacional BlackBerry 10.


No mercado brasileiro, a primeira investida da fabricante dentro dessa estratégia aconteceu em maio, com a chegada do Z10, dispositivo com tela sensível ao toque, um dos recursos que sinaliza a tentativa da companhia em se aproximar dos consumidores finais.


O lançamento, no entanto, reforça um posicionamento que fundamentou por muito tempo o reinado absoluto da BlackBerry no segmento de smartphones, antes de perder fatias significativas desse mercado para rivais como a Apple e a Samsung: a forte preferência de executivos e empresas pelos dispositivos da marca.


Como parte desse direcionamento, inicialmente, o Q10 estará disponível a partir do fim de julho apenas para vendas corporativas, por meio das quatro principais operadoras. Não há previsão de disponibilidade do produto no varejo. Por conta dessa abordagem, a empresa não divulgou o preço sugerido do aparelho, já que esse valor dependerá dos contratos negociados por cada operadora.


"Estamos passando por um ano de desafios e de reinvenção para atender às novas demandas dos consumidores. Por outro lado, o mercado corporativo nunca deixou de ser o nosso foco", afirmou Erlei Guimarães, diretor de canais e desenvolvimento de negócios da BlackBerry no Brasil, durante encontro com jornalistas.


Nessa direção, o Q10 investe na manutenção e na melhora de recursos conhecidos do BlackBerry, entre eles um teclado físico, em contraponto à crescente preferência dos consumidores por teclados virtuais e telas touchscreen. A ideia, disse Guimarães, é unir o melhor dos dois mundos, e, ao mesmo tempo, atender à demanda de grande parte dos usuários tradicionais da marca.


Outro aspecto fortalecido no novo dispositivo é a segurança. Uma das aplicações disponíveis é a possibilidade de estabelecer perfis diferentes para uso profissional e pessoal. Com essa abordagem, o sistema permite, por exemplo, que uma empresa bloqueie qualquer tentativa do usuário de copiar e transferir um e-mail com dados confidenciais para outro ambiente. "A segurança sempre foi uma demanda forte das empresas. No entanto, estamos vendo que essa preocupação também está migrando para os usuários finais, especialmente com as recentes notícias envolvendo casos de espionagem", disse Guimarães.


Segundo Renato Gil Martins, gerente de vendas corporativas, o Brasil representa 54% do mercado corporativo de smartphones na América Latina. "Atualmente, a base instalada da BlackBerry representa 42% desse segmento no país", observou o executivo. Dados da consultoria Frost & Sullivan apontam que o Brasil fechou 2012 com 15,5 milhões de smartphones vendidos, dos quais, 2,8 milhões foram destinados a empresas. Para 2013, a empresa projeta vendas de 21,4 milhões de unidades, sendo que 3,5 milhões virão do mercado corporativo.


Para Bruno Tasco, analista sênior do mercado de tecnologia da Frost & Sullivan, o foco da BlackBerry no segmento empresarial é o caminho mais promissor para que a companhia volte a ganhar relevância no mercado de smartphones, inclusive entre os usuários finais.


Segundo o analista, a canadense foi surpreendida quando a adoção de smartphones no plano corporativo começou a ser puxada pelos próprios funcionários, o que favoreceu empresas como Apple e Samsung, que investiram muito antes na experiência do usuário. "Agora, no entanto, uma alternativa para a BlackBerry é justamente fazer esse caminho inverso, ou seja, chegar a esses usuários finais por meio das próprias empresas nas quais eles trabalham", acrescentou.


Para ampliar sua participação tanto entre empresas como no varejo, um dos esforços da BlackBerry é aumentar a quantidade de aplicativos disponíveis para o novo sistema operacional. Desde o lançamento da plataforma, em janeiro, esse número saltou de 70 mil para 120 mil aplicativos. "Temos um time dedicado exclusivamente em categorias de aplicativos para estabelecer parcerias com marcas globais e locais", afirmou Tathiana Adam, gerente de alianças da BlackBerry no país.


Em outra frente, a empresa está investindo em centro de tecnologia com universidades brasileiras para estimular o desenvolvimento de aplicativos na nova plataforma. Atualmente, existem três estruturas desse porte em acordos com a USP, a Universidade Federal de Alagoas e a Universidade Federal de Pernambuco. A ideia é abrir outros dois centros desse porte até o fim do ano no país.


A BlackBerry também não descarta investir na fabricação local dos novos modelos da marca. Até pouco tempo, a empresa mantinha um contrato com a Flextronics para a produção de seus aparelhos no país. Segundo Guimarães, um eventual novo projeto ainda está em fase de avaliação, mas nenhuma novidade deve ser anunciada em curto prazo.


No plano dos consumidores finais, o executivo ressaltou ainda que a empresa terá novidades no segundo semestre no modelo Z10, com o investimento para retomar a presença da marca no varejo.