13/02/23 10h38

Em cinco anos, frota de veículos elétricos em Rio Preto passa de 41 para 534

Maior facilidade de acesso – com preços menores e mais opções –, além da garantia de economia de combustível e menor impacto ao meio ambiente, são fatores que fizeram disparar o número de veículos elétricos em Rio Preto

Diário da Região

Silenciosos, mais econômicos e menos poluentes, os carros elétricos estão “invadindo” o trânsito de Rio Preto. Em cinco anos, o número de veículos elétricos ou híbridos em circulação subiu de 41 para 534. A cidade tem até motoristas de aplicativos com carros movidos por energia limpa e já conta com ao menos 13 pontos de recarga.

 

Atualmente, Rio Preto conta com 534 veículos elétricos (com apenas motor elétrico) ou híbridos (com ou sem recarga na tomada), segundo o banco de dados do Denatran. Em 2021, eram 311 veículos elétricos, um crescimento de 71%. Em nível nacional, as vendas de carros de energia limpa subiram 41% em 2022. A Associação Brasileira do Veículo Elétrico informa que foram emplacados 49.245 veículos no ano passado, 14.255 automóveis a mais do que foi registrado em 2021.

 

Os fatores que têm provocado o aumento das vendas de carros elétricos ou híbridos são o aumento constante da gasolina e do diesel, a melhoria na autonomia dos veículos e a variedade de modelos, explica Leandro Tancredo, coordenador do curso de engenharia elétrica da Unilago.

 

Atualmente, o modelo mais barato de carro elétrico (seja 100% ou híbrido) comercializado no país é o e-JS1, que custa R$ 145 mil, fabricado pela chinesa JAC e a alemã Volkswagen. O automóvel híbrido mais barato em 2023 é o modelo Kia Stonic, no valor de R$ 147 mil, valor próximo do Renault Kwid, que sai por cerca de R$ 150 mil – o Kwid no modelo convencional tem preço inicial de R$ 66,5 mil.

 

“As vantagens dos carros elétricos comparados com os carros a combustão hoje são menor taxa da emissão dos poluentes, normalmente são mais silenciosos e possuem uma aceleração rápida e instantânea”, afirma o coordenador do curso de engenharia mecânica da Unifeb, de Barretos, Gabriel Pontin.

 

Entre as desvantagens, ele aponta a autonomia limitada, tempo de recarga longo e um custo de mercado relativamente alto, devido à sua tecnologia.

 

“Os carros híbridos apresentam economia de combustível através da relação dos dois modos de atuação, combustão e elétrico. Eles têm um menor nível de emissão comparado ao modelo a combustão e um bom desempenho. Porém, eles possuem uma complexidade adicional devido a combinação dos motores”, explica o professor.

 

Aumento da procura

 

O crescimento da demanda por carros elétricos é sentido nas revendedoras de Rio Preto. Três em cada dez clientes estão à procura desses carros que , segundo lojistas.

 

“A procura pelo carro elétrico é muito grande. Quase 35% dos clientes que entram na concessionária estão à procura de carro elétrico. Temos uma média de vendas pela concessionária e pelo site em torno de seis carros por mês “, diz Thiago Hernandes, gerente da concessionária Nissan Ville.

 

Quem também percebeu o crescimento da demanda foi a revendedora Euro Motors, também de Rio Preto. A média de vendas nesta empresa saltou de 5,5 para 6,25 por mês. “Na soma entre veículos elétricos e híbridos tivemos aumento de vendas do ano de 2021 para o ano de 2022 de 9%. Importante destacar os veículos 100% elétricos, que tiveram um aumento de 650% nas vendas neste período, o que evidencia o interesse dos clientes e mostra uma evolução de compra dos elétricos”, informou Ricardo Cardenuto, diretor de vendas e marketing.

 

As revendedoras de carros de marcas como Caoa Chery, Chevrolet, Fiat e Volvo, também têm carros elétricos para comercializar em Rio Preto.

 

Proprietários empolgados

 

Um dos mais empolgados com a nova tecnologia automotiva é o empresário Manoel de Cesare Filho, 49 anos, dono de três carros elétricos, Tesla, Fiat 500 e Kwid.

 

“Eu optei há três anos por um carro elétrico. Importei dos Estados Unidos o Tesla. Eu tinha acabado de colocar energia solar em casa, que serviu também para reduzir os gastos com combustível. Foi uma decisão de usar energia sustentável e ambiental”, diz o empresário.

 

Pelas contas do empresário, em três anos, ele economizou R$ 80 mil em despesas com combustíveis e manutenção dos três veículos elétricos, em comparação com modelos convencionais. Manoel afirma que há redução de custo com manutenção mecânica, porque há menos desgaste das peças.

 

Para exemplificar a evolução do custo benefício do uso de carro elétrico, Manoel afirma que antigamente eram tão poucos os pontos de recarga de energia elétrica a caminho de São Paulo, ao longo da rodovia Washington Luis, que tinha que pernoitar, na espera de a bateria atingir o nível de 100%.

 

“Há três anos era impossível fazer essa viagem para São Paulo. Tive de dormir numa pousada em São Paulo para esperar o carro carregar durante a noite. Hoje tem vários eletropostos e com 30 minutos consigo carregar o carro e seguir viagem”, afirma o empresário.

 

Pontin afirma que a indústria automotiva está constantemente trabalhando para melhorar a autonomia das baterias, o que vai ser a chave para conquistar os consumidores.

 

“Embora seja difícil prever exatamente quando veremos uma significativa melhoria na autonomia, algumas previsões apontam para uma melhora significativa nos próximos anos”, afirma o professor..

 

De acordo com algumas estimativas, a autonomia dos carros elétricos pode aumentar para cerca de 400 a 500 quilômetros por carga até 2025, o que deve aumentar a aceitação deste tipo de veículo.

 

Além disso, o avanço na tecnologia de baterias e o aumento da eficiência energética dos carros elétricos também podem contribuir para a melhoria da autonomia.

 

“No entanto, é importante lembrar que outros fatores, como a disponibilidade de postos de recarga, preço, desempenho e acessibilidade, também desempenham um papel importante”, conclui o acadêmico.

 

A popularização dos carros elétricos e híbridos só vai acontecer após a ampliação no número de oficinas à disposição para fazer o conserto e no aumento da rede de fornecimento de autopeças, diz o professor.

 

Acima de tudo isso, o que dita o ritmo de implantação da frota elétrica é o estoque mundial de petróleo. Conforme baixar, aumentará a cotação, a tal ponto que irá tornar mais viável trocar o veículo convencional por um carro de energia limpa.

 

Rio Preto tem boa rede de recarga

A crescente frota de carros elétricos já conta com ao menos 13 postos públicos de recarga em Rio Preto. A maioria está em estabelecimentos comerciais, inclusive nos shoppings, sem cobrança de utilização. Mas o motorista também pode recarregar em casa.

 

Dono da rede de supermercados Jota, José Luis Sánchez mantém um posto de recarga em sua filial na avenida Sebastião Tavares da Silva, no Jardim Vista Alegre, em Rio Preto.

 

“Resolvi colocar, porque tenho no supermercado uma usina de geração de energia solar. Como não utilizamos tudo, resolvemos oferecer aos clientes esse beneficio”, diz o empresário.

 

A rede de hipermercados Muffato mantém um ponto de recarga gratuita em sua filial na avenida Antônio Marques dos Santos, no Parque das Flores. O prédio conta com uma das maiores usinas solares em telhado do Brasil. São 2,8 mil placas fotovoltaicas para captação de energia solar. Elas cobrem uma área de 7,5 mil m² e capacidade de geração de 1.021,02 Kwp, potência energética suficiente para abastecer 650 casas/ano, considerando um consumo mensal médio de 200 KW.

 

Destaque também para o eletroposto, que ocupa uma das 600 vagas do estacionamento. Nele é possível abastecer de quatro a 24 carros por dia, com cargas parciais de 30 a 90 minutos ou cargas completas de 3 horas, gratuitamente, durante o horário de funcionamento da filial, de segunda a sábado, das 7h às 22h e aos domingos e feriados das 7h30 às 20h.

 

O Plaza Avenida Shopping conta com sistema de recarga de veículos elétricos no ponto estacionamento VIP, no piso térreo, com entrada pela avenida Brasilusa e é administrado pela London Park.

 

Para utilizar, basta estacionar o carro no local com o custo da hora normal. Nesse período, a pessoa pode deixar o carro plugado para carregar. O estacionamento funciona de segunda a domingo, das 7h às 20h20.

 

Também há ponto de carregamento no estacionamento do Shopping Iguatemi Rio Preto, sem cobrança dos motoristas. (MAS)

 

História do carro elétrico

A história do carro elétrico começa em 1828, na Hungria, quando o engenheiro Ányos Jedlik criou o primeiro motor elétrico.

 

O primeiro veículo elétrico veio somente 53 anos depois, em 1881, um triciclo criado pelo engenheiro elétrico francês Gustave Trouvé.

 

Na primeira década do século 20, a cidade de Nova York chegou a ter uma frota de 60 táxis movidos a bateria elétrica. Porém, com a fabricação em massa e mais barata dos carros a combustão, iniciada por Henry Ford, a evolução dos carros elétricos foi paralisada.

 

Somente a partir da crise do petróleo, em 1973, a ideia de construção de carros elétricos mais baratos foi retomada. Nissan e Chevrolet chegaram a lançar protótipos, com autonomia de 150 km, mas o crescimento veio somente com a entrada da empresa Tesla Motors, uma das maiores fabricantes de veículos neste segmento.

 

Para os próximos anos há grande expectativa sobre a ampliação das indústrias chinesas no setor, com possibilidade de fabricação de carros elétricos mais acessíveis. (MAS)

 

Carros de aplicativo e também elétricos

Motorista de aplicativo, Alex Ribeiro, 46 anos, tem um Toyota Corolla com motor híbrido e diz que a economia é grande

 

Motorista de aplicativo, Alex Ribeiro, 46 anos, tem um Toyota Corolla com motor híbrido e diz que a economia é grande (Guilherme Baffi 9/2/2023)

 

O uso de energia limpa já chegou aos motoristas de aplicativo de Rio Preto. A frota à disposição na cidade já tem três veículos elétricos e mais dois híbridos.

 

Alex Carlos Superti, 46 anos, tem um Toyota Corolla com motor híbrido, comprado há nove meses para trabalhar em viagens solicitadas por aplicativo. Pelas suas contas, a economia vale a pena. O modelo é híbrido, com motores a gasolina e elétrico.

 

“Meu carro faz uns 24 km por litro de gasolina. O meu outro carro fazia 12 km por litro em média. Nem tem comparação. A economia é muito grande”, diz o motorista.

 

O sonho de Alex é no próximo ano comprar um carro 100% elétrico, mas só vai concretizar a troca se a autonomia dos veículos aumentarem.

 

“Na maioria dos carros, a autonomia é de 400 km. Se pego um passageiro para deixar em Araçatuba são 400 km de ida e volta. Não dá certo. Não tenho como ficar parado esperando para recarga”, comenta o motorista

 

Os motoristas que têm carro elétrico possuem um veículo adicional, movido a combustível fóssil, para trabalhar enquanto o principal recarrega.

 

Com o passar dos anos, o que é alternativo, vai passar a ser obrigatório. A Prefeitura de Nova York firmou com a Uber um acordo de substituição de toda frota tradicional por apenas automóveis elétricos até 2030. (MAS)

 

Pontos para recarga em Rio Preto, segundo o site Plugshare

Max Atacadista, na avenida Antônio Marques dos Santos, no Parque das Flores

Fort Luz, na avenida Nossa Senhora da Paz, no Jardim Alto Alegre

Renault Ville, na avenida Bady Bassitt

Plaza Avenida Shopping

Shopping Iguatemi

Empório Jota, na avenida Sebastião Tavares da Silva, Jardim Vista Alegre

Artcon, na rua Gilberto Lopes da Silva, Jardim Walkiria

Georgina Business Park, na avenida Anísio Haddad

ATM EVs, na avenida Juscelino Kubitschek

Frulle, na avenida Juscelino Kubitschek

Euro Motors, na avenida Juscelino Kubitschek

Thor Volvo, na avenida Juscelino Kubitschek

Corpore Rio Preto, na rua Renato Cecato, no Jardim Moysés Miguel Haddad

Híbridos

 

Eles têm motor a combustão (a gasolina, etanol ou diesel) e são abastecidos como carros comuns

Possuem também um motor elétrico e uma bateria - mas não é carregado na tomada. A recarga é feita por meio do próprio veículo, com o sistema de freios, por exemplo

Nas frenagens, os carros convencionais dissipam a energia cinética como calor, diferente dos híbridos que conseguem capturar parte desta energia e transformá-la em eletricidade, que depois é armazenada na bateria

O motor elétrico complementa o motor a combustão, aumentando a eficiência e economizando combustível - consequentemente poluindo menos o meio ambiente

Híbridos Plug in

 

Eles têm motor a combustão (a gasolina, etanol ou diesel) e são abastecidos como carros comuns

Possuem também um motor elétrico e uma bateria - que pode ser recarregada pelo próprio carro (sistema de freios, por exemplo) ou por cabo (tomada na rede elétrica)

Quando a bateria acaba, o motor a combustão funciona como um carro convencional

Emitem menos poluentes e consomem menos combustível

A autonomia da bateria varia de 30 a 120 km

Totalmente elétricos

 

Têm apenas o motor elétrico, que carregado na tomada e pelo próprio carro (sistema de freios, por exemplo)

A autonomia da bateria varia de 100 a 400 km

Emitem menos poluentes porque não usam combustíveis convencionais

Dos 534 veículos elétricos em Rio Preto

 

Híbridos: 58%

Híbridos Plug in: 36,6%

Totalmente elétricos: 5,4%

Fonte: Site neocharge.com.br, site plugshare.com, Denatran, Reportagem

 

https://www.diariodaregiao.com.br/cidades/riopreto/em-cinco-anos-frota-de-veiculos-eletricos-em-rio-preto-passa-de-41-para-534-1.1047991