31/10/13 15h49

Em 2015, cabo submarino da Seaborn vai ligar NY a SP

Valor Econômico

Acessar o Facebook para postar um comentário ou assistir a um vídeo no YouTube parecem atividades bastante simples para os internautas brasileiros, mas para que atividades como essas sejam possíveis há um longo caminho a se percorrer. Sempre que um usuário acessa um site hospedado em outro país ou faz uma chamada telefônica internacional, os dados trafegam pela rede das operadoras de telecomunicações e por meio de longos cabos submarinos até chegar aos centros de dados onde estão sites como do Facebook e do YouTube.

Nos últimos anos, o aumento desse tráfego internacional de dados estimulou investimentos para ampliar a capacidade de operação de cabos submarinos. Agora, a companhia americana Seaborn Networks avançou mais uma etapa em seu projeto de instalar um novo cabo submarino que vai ligar o Brasil aos Estados Unidos. Batizado com o nome Seabras-1, o novo cabo de fibra óptica vai ligar Nova York a São Paulo, passando por Fortaleza.

Com extensão de 10,7 mil quilômetros, o cabo submarino vai demandar investimento de aproximadamente US$ 400 milhões e tem previsão para entrar em operação a partir de 2015. O Seabras-1 terá capacidade final de 40 terabytes por segundo (Tbps), o que permite, por exemplo, o tráfego simultâneo de dados para transmissão de 620 mil canais de HDTV em alta definição.

A Agência Francesa de Crédito para Exportação (Coface) emitiu uma "promessa de garantia" para uma linha de crédito de financiamento para o Seabras-1, na semana passada. Larry Schwartz, executivo-chefe da Seaborn Networks, não informou o valor oferecido pela Coface, mas disse que os recursos vão ajudar a acelerar o projeto de instalação do cabo submarino. "Poucas companhias no mundo se dedicam à instalação e à operação de cabos submarinos, e a captação de recursos é uma parte desafiadora do processo", afirmou Schwartz.

De acordo com o executivo, a promessa de garantia emitida pela Coface deveu-se às relações que a Seaborn Networks mantém com a fabricante de equipamentos de telecomunicações francesa Alcatel-Lucent. A companhia francesa fornecerá tecnologia para a instalação do cabo submarino Seabras-1.

Schwartz disse que a decisão de instalar um novo cabo ligando os Estados Unidos ao Brasil deveu-se a alguns fatores, como a evolução do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), que tem por meta propiciar o acesso à internet a 70% dos domicílios brasileiros até 2015, e o aumento do número de usuários de smartphones e tablets no país. A implantação de redes de telefonia móvel de quarta geração (4G) e a demanda crescente do Brasil por ampliação da infraestrutura de telecomunicações também foram citados como pontos positivos ao investimento.

"O tráfego cresce não só entre Brasil e Estados Unidos. Muitas operadoras da Argentina, do Paraguai, Uruguai e Chile precisam expandir sua capacidade de tráfego internacional, e a Seabras-1 também vai atender a esses mercados", afirmou Schwartz.

O executivo disse que a Seaborn já negocia a alocação da capacidade de tráfego de dados do cabo submarino com operadoras no Brasil e nos Estados Unidos, mas não cita nomes em função de acordos de confidencialidade mantidos com as empresas.

O Brasil é servido atualmente por quatro cabos submarinos. Um deles é o Globenet, que era da Oi e foi vendido em julho para o BTG Pactual Infraestrutura II Fundo de Investimento e Participações, e tem uma extensão de 22 mil quilômetros, ligando o Brasil aos Estados Unidos. Também ligam os Estados Unidos e o Brasil o Sam-1, da Telefônica (25 mil quilômetros); o SAC, da Global Crossing, que pertence à Level 3 (22,2 mil km); e o Americas II, que pertence a um consórcio de empresas que inclui a Embratel (9 mil km). Um quinto cabo, o Atlantis II, também pertencente a um grupo de empresas, faz a conexão do Brasil com Europa e África.

Em março, a América Móvil, controladora no Brasil da Claro, Embratel e Net, anunciou um investimento de R$ 1 bilhão para o lançamento do cabo submarino AMX-1, que vai conectar o Brasil e países da América Central aos Estados Unidos. A Telebras também desenvolve um estudo com a Angola Cable para a instalação de um cabo submarino de 6 mil quilômetros que ligaria Fortaleza a Luanda.